Oposição tenta convocação de Bruno Covas

Secretário afirmou ao 'Estado' que prefeito do interior lhe havia oferecido comissão por emenda

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Por Fernando Gallo
Atualização:

Partidos de oposição na Assembleia Legislativa querem ouvir, no Conselho de Ética da Casa, o secretário de Meio Ambiente e deputado licenciado, Bruno Covas (PSDB), sobre o suposto esquema de venda de emendas parlamentares. A decisão de apresentar requerimento para convocá-lo foi tomada ontem pelas bancadas do PT e do PSOL.O deputado Carlos Giannazi (PSOL) colocou em suspeição o recuo do secretário nas declarações de que um prefeito lhe teria oferecido propina para o recebimento de emendas."O Bruno Covas tem que denunciar. Ninguém acreditou no que ele falou, nisso de ter voltado atrás. Tem a gravação do áudio. Agora ele tem que assumir e denunciar. Ele é um deputado estadual e o deputado estadual é um fiscal", afirmou Giannazi.O líder do PT, Ênio Tatto, vê "gravidade" na providência que o secretário de Meio Ambiente diz ter adotado quando o prefeito lhe ofereceu R$ 5 mil. Covas afirmou ao Estado ter dito ao prefeito que doasse o dinheiro para uma Santa Casa. "O deputado tomou uma decisão muito grave, que foi pedir para doar para uma instituição. Acho errado", afirmou Tatto.Na avaliação do líder do governo, deputado Samuel Moreira (PSDB), não há necessidade de convocação do secretário. "Ele não é denunciante nem réu. Não fez uma denúncia e nem está sendo acusado de nada. Precisa ver se há fundamento nisso", disse.Além de Covas, o PT vai apresentar ao Conselho de Ética requerimentos convocando os deputados Roque Barbiere (PTB), pivô das acusações, e Major Olímpio (PDT), que relatou ao Estado ter ouvido, de um dirigente de uma associação, que há na Casa deputados que usavam artifícios para desviar parte do valor das emendas.Esquema. A bancada petista decidiu também propor a instalação de uma CPI para investigar o suposto esquema de venda de emendas. Segundo Tatto, o motivo é investigar se a Casa Civil e o Planejamento não tomaram providências para apurar eventuais práticas ilícitas, como sustenta Barbiere. Com isso, o PT, que frequentemente fracassa na instalação de CPIs por não ter o mínimo necessário de 32 assinaturas, tenta constranger o restante da Casa a assinar o documento.Publicamente, Ênio Tatto nega essa intenção. "Cada deputado tem sua convicção, cada um sabe o que deve fazer. Não quer dizer que o deputado que não assinar faz uso desses métodos", observou. Pelas regras da Assembleia, no entanto, apenas cinco CPIs podem funcionar simultaneamente. Desde agosto, um movimento de parlamentares tenta mudar o regimento para instalar uma sexta CPI.O líder do PSDB, Orlando Morando, disse que só se manifesta após analisar o pedido petista. Samuel Moreira, líder do governo, afirmou que o governo "não tem nenhuma objeção" à CPI: "A Casa é autônoma. O governo vai contribuir com as investigações". Segundo um participante da reunião de ontem do colégio de líderes, o deputado Campos Machado (PTB) pediu aos presentes paciência no aguardo do depoimento de Barbiere e deu um recado: "Uma fera acuada é muito mais perigosa".

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