O Brasil perde o status de um dos países mais violentos do mundo. A constatação é do Small Arms Survey, entidade suíça que serve de referência mundial em relação à situação de armas leves. Mas a entidade, que ontem lançou seu relatório anual, alerta: a taxa de homicídio no País continua "muito acima da média mundial" e a queda de crimes "não deve ser exagerada". Os pesquisadores ainda destacam que o País viu uma explosão na importação de pistolas entre 2000 e 2006. Entre o final dos anos 90 e 2007, a queda de homicídios com armas no Brasil teria sido de 18%. "O Brasil perdeu sua classificação entre as sociedades mais perigosas do mundo", diz o levantamento. Segundo a entidade, a "cultura da arma, junto com crime organizado e corrupção policial" criou uma deterioração da situação nos anos 80 e 90. "As cidades brasileiras se tornaram algumas das mais violentas do mundo", aponta a pesquisa. Entre 1979 e 2003, 550 mil brasileiros foram mortos por armas. O pico foi registrado em 2003. Mas, desde então, a taxa de homicídios vem caindo, coincidindo com os esforços de controle de armas e de destruição de pistolas. Os números em relação a São Paulo caíram de 36 mortes por 100 mil pessoas para 11, entre 1990 e 2007. No Rio, a redução foi de 46 mortes para cada 100 mil habitantes para 39 entre 2002 e 2006. A estimativa é de que 5,5 mil vidas foram salvas apenas em 2004 com a queda da taxa de homicídios e que, entre 2004 e 2006, as mortes evitadas chegaram a 23,6 mil. Robert Muggah, pesquisador-chefe do instituto, considera positivo o avanço obtido no Brasil. Mas insiste que as taxas de homicídio ainda são elevadas em comparação a qualquer padrão internacional. Um aspecto preocupante é que a importação de pistolas no Brasil aumentou 724% entre 2000 e 2006. Mas a entidade admite que o volume partiu de uma base baixa. Outra questão abordada é que os jovens mais pobres continuam a ser vítimas de altas taxas de homicídios. Além disso, nem todas as cidades tiveram queda substancial. No Recife, por exemplo, a taxa de homicídios era de 58 para cada 100 mil pessoas em 2001. Em 2007, caiu apenas para 53.