Os bordéis ''disfarçados''

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Carta 19.684 O prefeito Kassab preocupa-se em fiscalizar lugares como o Bahamas para chamar atenção, mas São Paulo está infestada de inferninhos que divulgam seus ?serviços? em papeizinhos com seus telefones nos orelhões. O trabalho de limpá-los é de formiguinha. Além de fechar esses bordéis, que não exercem controle sobre a saúde dos clientes e das ?prestadoras de serviço?, o prefeito deveria também cuidar de outras casas do tipo, mais ?finas?, que cobram caro e têm más condições de higiene. Outro alerta: os baixos de viadutos que se transformaram em depósitos de lixo, que poderia ser reciclado e render algo aos infelizes que convivem com essa nojeira. ANTÔNIO JOSÉ G. MARQUES Saúde A Prefeitura responde: "Não se trata, de nossa parte, de uma cruzada contra a prostituição, embora a sua exploração e favorecimento sejam crimes previstos no Código Penal Brasileiro, investigados pela Polícia Civil ou Ministério Público. Quando isso acontece, as instituições nos informam e nós interditamos o estabelecimento por desvirtuamento de licença - já que, evidentemente, em se tratando de crime, não concedemos licença ou alvará para a atividade. Esses locais em geral funcionam licenciados como bar/restaurante, e até prova em contrário exercem legalmente a atividade. Quanto aos anúncios nos orelhões, multamos em R$ 10 mil os responsáveis por eles. Damos especial atenção à limpeza dos baixos de viadutos, mas infelizmente pessoas insistem em jogar lixo nesses locais. ANDREA MATARAZZO Secretário das subprefeituras Carta 19.685 O Jogo do 0800 Às vésperas de feriados prolongados, a imprensa divulga roteiros de lazer para quem decide curtir uma cidade mais vazia, com opções para todos os gostos. Gostaria de acrescentar mais uma: as centrais de atendimento 0800. Não é algo capaz de diminuir o estresse da semana finda, mas pode ocupar boa parte do nosso ócio nesses dias. Experimente! Antes, olho no cronômetro, caneta na mão, marque o horário do início da ligação. Tecle o n.º da central de interesse. A caça ao tesouro (a informação desejada) começou. Num contínuo pressionar de teclas, ouvimos opções em progressão geométrica. A desejada é normalmente a última, e enquanto isso ouvimos um massacre de mensagens comerciais, em vozes agradáveis e outras nem tanto, e até dicas interessantes. O tempo corre, implacável. O jogo é o seguinte: leva o prêmio quem conseguir, em menos tempo, obter uma informação confiável de uma pessoa. Sim, um ser humano, em pleno feriadão, a postos. Que honra! Podemos dispensar do interlocutor os usuais gerúndios, e daí o jogo continua, sonolento. Já voltamos algumas casas do percurso. Dez minutos depois de acionado o cronômetro, vitória parcial: digo que quero cancelar determinado serviço, mas antes, tento confirmar o valor e ouço: "No mês passado foi X reais e neste mês é Y". E porque me atrevi a cancelar o serviço, enfrento um interrogatório: Qual seria o n.º do telefone? Respondo: Seria não, é! (e digo o número). Qual seria o nome do titular? Seria não, é (digo meu nome). Endereço? Cidade? CPF e RG? Daí vem a pergunta fatal, a razão do cancelamento. Contenção de despesas. O senhor já pensou nos benefícios desse serviço? (e vem uma interminável lista de argumentos). Agradeço sua preocupação, mas estou decidido a cancelá-lo. Mas podemos lhe oferecer uma promoção: R$ X durante 6 meses. Mesmo assim, quero cancelar e agradeço se for rapidamente, antes de vencer a próxima fatura. Não posso estar afirmando, mas talvez o senhor tenha de estar pagando uma diferença, proporcional aos dias... Sem problema, por favor cancele.Ora, se a empresa pode, de cara, adotar custo de R$ X mensais, por que já não faz esse preço para os clientes? Seria 1economia de escala1? Ou generosidade na oferta de um desconto de 30% mensais - e por seis meses - somente porque aceitei participar do jogo, num belo feriado? Olho no cronômetro, 25 minutos depois. Serei um vitorioso? Acho que sim. Consegui meu intento (e sem luta a vitória não compensa!). Tive outras vantagens: usei o episódio para discutir com os amigos no encontro do final de semana; tive um argumento para escrever este texto - e ainda vou economizar uns trocados. Mais que isso: conheci um novo jogo e desfrutei de um novo ?lazer? no feriado prolongado. No próximo, se eu não viajar (ou porque vai chover ou porque pedágio e combustível subiram de novo), tentarei outro passeio pelos 0800. Observação importante: há inúmeros serviços de atendimento 0800 eficientes, mas, às vezes, não muito ?desafiadores?. Uma dica: tentem. E bom passeio. PEDRO LUÍS de AGUIAR Capital Correspondência para São Paulo Reclama: e-mails para spreclama.estado@grupoestado.com.br; cartas para Av. Eng.º Caetano Álvares, 55, 6.º, CEP 02598-900 ou fax 3856-2929, com nome, end., RG e tel., a/c de CECILIA THOMPSON, podendo ser resumidas a critério do jornal. Cartas sem esses dados não serão consideradas. As respostas não publicadas serão enviadas pelo correio.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.