'Os caras vão morrer na rua igual barata, pô', diz Bolsonaro

Em entrevista, presidente defendeu a ampliação do excludente de ilicitude para pessoas na defesa de suas vidas e propriedades

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (PSL) defendeu, em entrevista à jornalista Leda Nagle veiculada pela internet nesta segunda-feira, 5, uma ampliação do excludente de ilicitude para pessoas na defesa de suas vidas e propriedades sob o argumento de que a medida, se estivesse em vigor, ajudaria a reduzir a violência. "A partir do momento que eu entro no excludente de ilicitude ao, defendendo a minha vida e a de terceiros, a minha propriedade ou de terceiros, o meu patrimônio ou de terceiros, a violência cai assustadoramente", disse. "Os caras vão morrer na rua igual barata, pô, e tem que ser assim."

Presidente Jair Bolsonaro Foto: Werther Santana/Estadão

PUBLICIDADE

Bolsonaro voltou a pedir que os militares eventualmente envolvidos em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) também sejam protegidos pelo excludente de ilicitude, isto é, sejam inimputáveis penalmente caso atuem numa situação de confronto. Ele disse que somente assim vai autorizar novas operações de GLO nos Estados.

Polêmica sobre a morte do pai do presidente da OAB

Bolsonaro reafirmou que Fernando Santa Cruz, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, foi morto por um grupo de esquerda ao qual pertencia, versão que contraria relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e pela qual o presidente está sendo interpelado pelo dirigente da entidade perante o Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente da República disse que o pai de Felipe tinha uma função na Ação Popular, "o grupo mais sanguinário e terrorista lá de Pernambuco".

"E ele veio para o Rio de Janeiro, as informações que eu tive na época. Veio para o Rio de Janeiro e o pessoal da Ação Popular daqui não gostou de uma pessoa vir para o Rio sem ser do primeiro escalão e sem ter o positivo deles lá. Então, eles não confiavam nele", disse Bolsonaro, que tinha 18 anos quando o pai do presidente da OAB desapareceu durante a ditadura militar. "E daí, o meu entendimento, pelo o que eu ouvi, foi que o pai dele foi justiçado como tantos outros."

De acordo com a CNV e os documentos das Forças Armadas, Fernando Santa Cruz foi preso no Rio e morto sob custódia do Estado.

Publicidade

Possível candidatura à reeleição em 2022

Na entrevista, gravada na sexta-feira, 2, Bolsonaro foi instado a dizer o que considera ter avançado mais ou menos em sete meses de governo. Respondeu que tudo está avançando "muito bem" e que está "satisfeitíssimo". Ele destacou também que não está preocupado com reeleição, embora tenha dado seguidos sinais de que gostaria de concorrer a um novo mandato em 2022.

"Se eu me preocupar com reeleição, acabo atendendo todo mundo, sendo bonzinho, não vou falar nunca a palavra 'não'. O que mais tenho falado é a palavra 'não'", afirmou o presidente, na entrevista. "Temos que preservar o orçamento, democracia, liberdade, se preocupar com quem quer nos atingir pela luta do poder."

Investigações sobre a facada durante a campanha de 2018

O presidente declarou ainda que a investigação sobre os eventuais mandantes do atentado a faca que sofreu durante a corrida eleitoral no ano passado está "um pouquinho" demorada.

"Concordo, esta um pouquinho demorado, esta na hora de apresentar alguma coisa, um fato novo aí."

Ainda assim, ele disse que não pode exigir da Polícia Federal que fabrique um resultado dessa apuração.

Publicidade

"Com todo o respeito, se fosse a 'esquerdalha', já ia culpar alguém do lado de cá. É a norma deles. Tanto é que eles inventaram uma tal de Comissão da Verdade no passado, o que vale é a palavra deles, o resto não vale nada", afirmou Bolsonaro. "Vale levar em conta que nós matamos para o lado de cá, nós matamos, sim, ninguém nega isso aí, foi do combate, mas do lado de cá não vale isso daí." / REUTERS

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.