Os corais natalinos que fazem São Paulo parar

Ao meio-dia de hoje, véspera de Natal, haverá uma apresentação na Av. Paulista; capital tem desde coros profissionais até grupos amadores

PUBLICIDADE

Por Mônica Cardoso
Atualização:

No meio da correria para comprar os últimos presentes de Natal, paulistanos apressados que passarem hoje pela Avenida Paulista poderão ser vistos parados por alguns instantes, ouvindo canções natalinas como White Christmas e Oh, Holly Night ou populares como My Way. O coral Allegro, formado por 160 cantores profissionais que também integram coros tradicionais como o Paulistano e o Lírico, se apresenta hoje ao meio-dia na esquina com a Rua Haddock Lobo, no Banco Panamericano. Como o Allegro, vários corais têm interrompido o som das buzinas da cidade com músicas que celebram o Natal. Há desde coros profissionais até grupos amadores, formados em escolas, igrejas ou empresas. O Allegro existe há dez anos e tem a missão de agradar a todos os gostos - interpreta até trechos de óperas de Giacomo Puccini. "Em uma apresentação, um ônibus parou no semáforo na frente do banco e os passageiros ficaram assistindo, uma espécie de camarote móvel", brinca o maestro Renato Misiuk, fundador do coral. O coral também se apresenta para diferentes públicos. No início do mês, foi aplaudido por uma seleta platéia na loja de grife Daslu. Hoje, estará na rua. "Muitas pessoas gostam de música, mas não têm oportunidade para assistir a uma apresentação." O Paulistano, um dos oito corpos artísticos do Teatro Municipal, é o coral mais antigo da cidade: tem 62 anos. Foi criado pelo escritor Mário de Andrade, então diretor do Departamento Municipal de Cultura. O objetivo era levar a música brasileira ao Municipal. O repertório natalino deste ano se divide em duas partes. Na primeira, foram escolhidos dois motetos (música litúrgica) do compositor alemão Johann Sebastian Bach, Jesu, meine Freude e Lodet den Herrn, alle Heiden, compostos por volta de 1720. A segunda parte do concerto tem como foco o universo musical de Portugal e Espanha e de suas colônias, como Brasil, Guatemala e Peru, durante os séculos seguintes à chegada dos conquistadores. "São músicas profanas, cantadas em festejos de rua, mas com tema religioso", diz o maestro Thiago Pinheiro. O coral é composto por 42 cantores profissionais, entre homens e mulheres, que seguem uma rotina de mais de três horas de ensaios diários. O Coralusp, por sua vez, é um grupo formado principalmente por alunos, ex-alunos, professores e funcionários da Universidade de São Paulo (USP), mas também é aberto ao público em geral. "Os interessados passam por um teste, mas acredito que toda pessoa é capaz de cantar. Às vezes, a inibição pode ser apenas falta de experiência ou ter sido causada por um trauma", diz o maestro e fundador, Benito Juarez. Os números do Coralusp impressionam: são 650 integrantes distribuídos em 13 grupos de corais e dez regentes. Com 41 anos de existência, a proposta é misturar música erudita com popular e étnica. No repertório deste ano figuram duas árias do compositor italiano Giuseppe Verdi, das óperas Nabuco e O Trovador, ao lado de músicas regionais brasileiras como Tocata, trecho de Bachianas Brasileiras, de Heitor Villa-Lobos e Batuque: Dança dos Negros, de Ernesto Nazaré.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.