BRASÍLIAEx-secretário de Planejamento dos governos de Joaquim Roriz e José Roberto Arruda, Ricardo Penna não concorda com as críticas nem com planos para acabar com o Fundo Constitucional do DF. Discorda, também, da ideia de direcionar a parte do DF no Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) para municípios goianos e mineiros do Entorno. "É dizer "farinha pouca, meu pirão primeiro"" , afirmou.O deputado Ronaldo Caiado quer que o auxílio financeiro do DF, via Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), tenha aplicação restrita a 19 municípios de Goiás e 2 de Minas Gerais da região do Entorno. O que o sr. acha disso?A utilização deste momento de crise política para transformar o FCO em um fundo de Goiás me parece uma estratégia pontual, circunstancial da crise. O FCO é do Centro-Oeste, não é de Goiás. O deputado devia buscar o desenvolvimento do Centro-Oeste, em vez de criar uma polêmica que é dizer "farinha pouca, meu pirão primeiro".A alegação é de que faltam investimentos no Entorno do DF.Existe muito investimento do DF na área de saúde e educação do Entorno. Em 2009, foram investidos R$ 30 milhões em obras urbanas no Entorno, fora contratação de médicos. O DF investe e está preocupado com o Entorno, que faz parte da vida geopolítica e econômica da região. Entre 60% e 70% das pessoas que vêm estudar e trabalhar em Brasília são do Entorno. Dos serviços médicos prestados, muitos são para a população que vive lá. Goiás não dá muita atenção para o Entorno.A Confederação Nacional de Municípios (CNM) alega que o DF possui arrecadação satisfatória, o que não justificaria mais o auxílio da União. O DF poderia se manter sem o dinheiro do FCDF?Nenhuma chance. Já imaginou tirar mais de R$ 7 bilhões da receita? Só tem uma consequência: crise mundial, bomba atômica. Não teria jeito de pagar salários. Por mais que possa parecer que esteja crescendo, o Fundo tem cada vez menos dinheiro para pagar despesas de saúde, educação e segurança. Neste ano, o FCDF vai transbordar, falta pagar R$ 2,8 bilhões.O crescimento dos salários do funcionalismo contribuiu. Não houve uso eleitoreiro do fundo?O salário médio de professor no DF é de R$ 5 mil, tem médico que ganha R$ 12 mil, R$ 20 mil. É uma coisa louca. No futuro vai ser preciso enfrentar as corporações, os servidores públicos. Os recursos do DF criaram uma cultura de salários generosos.