Os turistas vão à praia. E os ladrões também

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Por Agencia Estado
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Nos próximos seis meses, mais de 9 milhões de pessoas vão arrumar as malas com destino às praias do litoral paulista. Na bagagem, além de roupas e dinheiro, a vontade de relaxar, aproveitar a folga e se divertir. Mas os turistas não descem a serra sozinhos nem são tão cuidadosos quanto deveriam. Quadrilhas especializadas em assaltos e furtos também aproveitam a alta temporada. Para evitar surpresas desagradáveis, o jeito é o turista não relaxar tanto. A ação de grupos de criminosos que "passeiam" por ruas desertas de bairros turísticos em busca de vítimas tem se tornado comum. Quando percebem que os visitantes estão distraídos numa festa ou levando as malas para o carro, fazem a abordagem, sempre armados. Abordagem Foi assim que o engenheiro Marcos Herzer Bertamio foi assaltado em Mongaguá. Às 20 horas do dia 16 de outubro, ele se preparava para voltar para Mogi-Guaçu com a família quando quatro homens o abordaram. Os bandidos obrigaram o engenheiro e a mulher a entrar no carro e seguir com eles até um caixa eletrônico. Como não conseguiram encontrar o banco onde o casal tem conta, resolveram voltar. Depois de roubar objetos de valor, trancaram os familiares na casa e levaram o casal para Praia Grande. Enquanto isso, a babá das crianças conseguiu fugir e chamou a polícia. Portas e janelas "O turista acha que não vai acontecer nada e relaxa, e é quando é surpreendido", diz o delegado de Mongaguá, João José Peres Neves. Procedimentos comuns tomados nas grandes cidades são deixados de lado. "É comum o turista chegar e abrir todas as portas e janelas para ventilar e sair o cheiro de mofo da casa que ficou muito tempo fechada", diz o delegado seccional de Itanhaém, Pedro dos Anjos. "Os assaltos acontecem principalmente de madrugada, quando os turistas estão no quintal fazendo churrasco e são surpreendidos pelos marginais", afirma Neves. "Muitas vezes a porta está aberta e os ladrões ficam circulando, à procura do lugar mais fácil se ser assaltado." Violência Outro caso, considerado um dos mais violentos de Mongaguá, ocorreu na madrugada de 7 de setembro. Marcelo Alexandre Langanke chegava à casa de veraneio quando foi abordado por um homem que estava no terreno vizinho. Em seguida, outros bandidos chegaram num carro e atiraram, provavelmente para assustá-lo. A bala acabou atingindo sua filha de 5 meses, Marcela, que estava no colo da mãe, no banco de trás do carro. Ao perceberem o que havia acontecido, os criminosos fugiram. Só foram presos uma semana depois. Na delegacia, Langanke disse ter visto um carro com película escura nos vidros, mas não suspeitou de nada. "Se fosse em Pirituba, onde mora, provavelmente estaria em alerta ao ver o carro passando perto dele", comentou o delegado Neves. Risco O drama de Langanke e Bertami foi vivido no mesmo bairro: Itaoca, na divisa com Itanhaém. A maioria das casas pertence a turistas e fica fechada grande parte do ano. Com as ruas desertas, aumenta a insegurança dos moradores e visitantes, já que a prioridade da polícia é patrulhar lugares mais movimentados. O delegado Pedro dos Anjos alerta para o fato de que os bandidos chegam junto com os turistas. "Eles também aproveitam o litoral e, com a maior concentração de pessoas, passam a realizar seus crimes", diz. "Onde há casas de veraneio, há sempre o risco, pois já não há mais a tranqüilidade que existia no passado." Índices Em Santos, houve aumento dos principais crimes, de janeiro a setembro deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Cresceram os homicídios (12,68%), os furtos (19,31%), os roubos (48,35%), os furtos de veículos (2,61%) e os roubos de veículos (7,94%). O delegado Alberto Corazza, diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior 6 (Deinter), disse ter adotado, com a Polícia Militar, providências para enfrentar os ladrões na Baixada Santista. "Nossos policiais estão percorrendo os bares, pedindo a colaboração dos donos para que fechem às 22 horas. Estamos empenhados no combate aos ladrões e aos traficantes. Nas ruas, teremos bloqueios e rondas para impedir os assaltos e os furtos." No Guarujá, houve queda de 11,30% nos homicídios; nos roubos, de 19,23%. Mas os furtos de veículos aumentaram 7,31%, e os roubos, 12,77%. A polícia aumentou as blitze nas ruas e reforçou a fiscalização nos desmanches. Em Praia Grande, aumentaram os assassinatos (4,72%) e os furtos (10,92%). Houve queda no número de roubos (9,64%) e nos furtos de veículos (44,68%). Os roubos de veículos aumentaram 10,44%.

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