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Ouvidoria divulga perfil das vítimas de policiais em SP

Por Agencia Estado
Atualização:

A Ouvidoria da Polícia divulgou, nesta terça-feira, o perfil das pessoas mortas, em São Paulo, pelos policiais civis e militares, no ano passado. O documento revela que a média de tiros por vítima foi de 3,26. Os PMs foram responsabilizados por 88,61% das mortes. Os civis, 11,39%. Dos policiais acusados, 25,54% estavam de folga. Dos 837 mortos em tiroteio e perseguições, em 2000, a Ouvidoria investigou 412 casos. Estiveram envolvidos nas 412 mortes 1.074 policiais e 834 foram identificados. A pesquisa apurou ainda que 99,17% das vítimas eram do sexo masculino; 41 5%, brancos; 37,38%, negros; 44,9% tinham entre 18 e 25 anos, e 77,18% "supostamente" estavam envolvidos em crimes. O ouvidor Fermino Fecchio destacou que 22,82% das pessoas mortas não estavam envolvidas em "nenhuma prática delituosa". O trabalho da Ouvidoria mostrou ainda que 46,6% das mortes ocorreram entre 18 horas e meia-noite. Em 71,12% dos casos, a vítima morreu no hospital. Somente 8,01% morreram no local da ocorrência. Em São Paulo, houve o registro de mais da metade das mortes. Os envolvidos foram os policiais civis dos distritos e os militares do Comando de Policiamento da Capital (CPC). Em São Paulo, do total dos crimes investigados, a região leste foi a que mais registrou mortos pelos policiais: 45,64%. Em segundo lugar ficou a região sul, que inclui Santo Amaro, com 30,29% das mortes. As regiões sul e leste concentraram 75,93% dos homicídios praticados pelos policiais na cidade. Na região metropolitana ocorreram 25,48% das mortes do Estado. São Bernardo do Campo e Santo André registraram o maior número. No interior, as mortes praticadas pelas duas polícias corresponderam a 16,01% dos 412 casos investigados. O maior número ocorreu em Campinas e na Baixada Santista. A Ouvidoria analisou também as armas usadas pelos policiais nas mortes. Foram apreendidas 920 armas, 58,91% da Polícia Militar, 4,34% da Polícia Civil e 36,73% em poder de não-policiais. Fecchio quer que os policiais cumpram o estabelecido numa resolução assinada pelo secretário da Segurança Pública de São Paulo de 11 de abril de 1990: a proibição da utilização de armas de fogo contra veículos em movimento e "a exposição da vida e da integridade física de terceiros durante o acompanhamento." Ele exige que os policiais observem a determinação de preservar os locais de crime com "rigorosas punições em caso do não-cumprimento."

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