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Padronização de dados sobre violência pode levar 3 anos

Por Agencia Estado
Atualização:

A unificação e padronização dos boletins de ocorrência das delegacias de todo o País, e o primeiro censo nacional sobre vítimas de violência, levarão três anos para serem concluídos. A estimativa é do gerente de projetos de Justiça e Segurança do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Antônio Carlos Alckimin. "Este é o preço que vamos pagar pela indecisão de não termos feito isso há mais tempo", admitiu. Esses trabalhos fazem parte do projeto "Indicadores de Justiça e Segurança", que prevê ainda o treinamento de policiais para lidar com dados estatísticos. O secretário nacional de Segurança Pública, Cláudio Tucci, garante que os primeiros R$ 200 mil para o início dos trabalhos para a criação do Boletim de Ocorrência Nacional serão liberados ainda neste mês. A verba custeará as viagens que os técnicos do IBGE farão aos Estados para mapear as informações que cada uma das 6 mil delegacias de todo Brasil colhem em seus boletins. Alckimin diz que este é um problema antigo, já que cada secretaria estadual tem procedimentos diferentes tanto para registrar as ocorrências quanto para divulgá-las. São seis milhões de ocorrência a cada ano, e nem todas informam se um assalto, por exemplo, foi seguido de morte. "A diferença entre os dados dificulta qualquer comparação. Até porque a cada mudança de governo, mudam-se os critérios de registros", explica o técnico. O trabalho de padronização, segundo Alckimin, deve levar 13 meses. O segundo passo será a pesquisa nacional de vitimização, que Alckimin calcula que tenha um custo entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões. Trata-se de uma pesquisa domiciliar que vai perguntar à população que tipo de violência cada cidadão já sofreu, se consegue identificar o agressor, que tipo de reação teve a vítima, se houve problema no atendimento policial, entre outras perguntas. A partir desse questionário, explica o técnico do IBGE, será possível chegar, por exemplo, ao perfil da violência sofrida por pessoas de determinadas classes sociais. "Trata-se de um projeto que dará uma visibilidade maior ao problema da violência no País. A partir disso, será possível também desenvolver projetos sociais", acredita Alckimin. O treinamento de policiais para o manuseio de dados estatístico deve correr em paralelo. O secretário nacional de Segurança também confirmou que este mês começa a ser liberado parte dos R$ 200 milhões que serão usados do Fundo de Universalização do Serviço de Telecomunicações (Fust) para a informatização e integração de todas delegacias, que comporão a rede nacional de telecomunicações. Essa rede permitirá a troca de informação entre as DPs.

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