Pai de estudante morto passa o dia no local do crime

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O pai do estudante Guilherme Mendes de Almeida, de 15 anos, João Eduardo Mendes, de 46 anos, passou boa parte do dia de hoje ajoelhado ao pé da árvore onde o filho foi morto na noite de sexta-feira, assassinado com cinco tiros por um segurança particular do bairro. Era na Praça Vicentina de Carvalho, no Alto de Pinheiros, que Guilherme costumava se reunir com os amigos e levar sua cachorra para passear. Hoje, o criminoso foi identificado pela polícia, mas até o início da noite ele ainda estava solto. Mendes voltou à praça para rezar e deixar flores. "Ele fez na sexta-feira o que fazia todos os dias. Se despediu da avó e seguia para a escola. Parou na praça por cinco minutos para conversar com os amigos. Nem imaginava uma tragédia dessas", disse o pai. Hoje, o motorista particular, que estava desempregado e trabalhava fazia dois dias numa barraca de churrasquinhos na Vila Madalena, ainda encontrou na grama sangue do filho e tentava entender os motivos do assassinato. Amigos de Guilherme também voltaram ao local do crime, onde crianças costumam brincar no playground e vizinhos caminham e passeiam com os cachorros. Foi justamente por ser um lugar pacato que o jovem repreendeu o vigia. "Na quinta-feira, ele havia dito ao segurança para diminuir a velocidade, porque a praça estava cheia. Os dois discutiram, mas ninguém imaginava que a coisa chegasse a esse ponto", disse Mendes. Na sexta à noite, enquanto Guilherme se preparava para ir ao Colégio Assunção, onde fazia supletivo, foi encontrado pelo vigia. Segundo o pai, o estudante estava com cinco amigos. "O segurança, ou ´insegurança´, desceu do carro, mandou os meninos virarem de costas e discutiu com o Guilherme. Sacou o revólver e atirou no meu filho na calçada", contou. Guilherme tentou correr e caiu perto da árvore, onde foi baleado pela segunda vez. "Ele tentou se arrastar e levou mais três tiros, indefeso. Foi execução", disse o pai. "Preciso agora preteger minha outra filha, de 17 anos, dessa violência." Justiça - Até a tarde de hoje, Mendes ainda não sabia nada a respeito do assassino de Guilherme. "Ouvi dizer que ele mora no Capão Redondo." Ao rezar pelo filho, ele disse que se sentia mais aliviado e menos revoltado do que antes. "Agora está passando Deus na minha cabeça, mas até poucos minutos atrás estava pensando em fazer justiça com as próprias mãos", disse o pai, que se comparou à família da menina Tainá, morta no Dia dos Pais de 2002, após uma briga de trânsito em que seu tio havia se envolvido na Praça Panamericana, também no Alto de Pinheiros. "Hoje, Dia das Mães, este é o presente da minha mãe e da mãe do Guilherme. Só espero que as autoridades percebam que não podemos mais perder os nossos filhos dessa forma tão cruel, tão impune."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.