Pai de S. vai renunciar à herança

É o que garante defesa do americano David Goldman, acusado pelo padrasto da criança de só querer dinheiro

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Por Talita Figueiredo
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O americano David Goldman vai renunciar, nesta semana, a toda e qualquer herança deixada por sua ex-mulher Bruna Biachi para o filho S.G., de 8 anos. Quem afirma é o advogado de Goldman, Ricardo Zamariolla, que defende na Justiça a devolução da criança ao pai. A decisão pretende derrubar os argumentos da família materna do menino e de seu padrasto, o advogado João Paulo Lins e Silva - segundo eles, David está atrás de dinheiro - e reforçar que ele quer apenas a guarda da criança. Em carta enviada anteontem ao Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Lins e Silva afirma que Goldman entrou na Justiça após a morte de Bruna "porque sentiu cheiro de dinheiro, tendo em vista a eventual herança que poderá S. G. receber". Lins e Silva cria o menino há quatro anos e meio, desde que conheceu e se casou com a mãe do garoto, a estilista Bruna Bianchi, morta em agosto, após o parto da filha do casal. Ele obteve na Justiça a guarda de S.. "O David entrou na Justiça quatro meses depois de a Bruna sair de casa, nos Estados Unidos, e decidir ficar no Brasil (ela comunicou a separação a Goldman por telefone). Depois do início do processo, os avós e a mãe impediram que ele falasse com o filho por telefone e chegaram a mandar de volta um presente que ele enviou pelo correio no aniversário de S.", disse Zamariolla. A família de Bruna também acusou Goldman de forjar a assinatura dela em um cheque. "O David fez o cheque com o consentimento dela, por telefone, para que ele pagasse uma fatura do cartão de crédito dela três dias depois que ela disse que não voltaria mais. Ele acreditava na reconciliação. Mas, com o processo, ele pediu o congelamento das contas dela. Se tivesse interesse em dinheiro, teria feito isso?", pergunta o advogado. Segundo Zamariolla, Bruna nunca fez acusação na Justiça contra o ex-marido e Goldman tem a gravação de um telefonema em que ela diz que ele "é o melhor pai do mundo". "Os tribunais brasileiros reconheceram que não havia condições inadequadas do pai", diz. "Essas alegações (de que ele seria violento) nunca foram feitas. Por que isso nunca foi levado ao juiz responsável? Ela nunca fez as acusações e acho que, se estivesse viva, também não permitiria que a família as fizesse porque são mentirosas." Para ele, a família de Bruna quer desviar o foco do problema. "A criança foi retirada de Nova Jersey contra a lei. O Estatuto da Criança e do Adolescente é claro e diz que a colocação da criança em família substituta só deve ser feita em casos excepcionais. Não há justificativa plausível para que o pai não exerça a paternidade." A defesa de Goldman invoca a Convenção de Haia sobre o Sequestro Internacional de Crianças, da qual o Brasil e os Estados Unidos são signatários. Por decisão judicial, em fevereiro Goldman passou dois dias com o filho, acompanhado por psicólogos. A primeira determinação judicial nesse sentido não foi, segundo Zamariolla, cumprida pela família de Bruna. O menino havia viajado com o padrasto. Lins e Silva não retornou as ligações feitas pelo Estado.

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