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Pai e filho depõem amanhã sobre crime de Santa Teresa

Por Agencia Estado
Atualização:

O assaltante Marcelo Melo Gonçalves, acusado de estuprar e matar a fonoaudióloga Mária Castro Lira e de ferir e estuprar a filha dela, T., de 13 anos, na quinta-feira passada, foi encontrado enforcado ontem de manhã na sala da Polinter em que estava preso desde sábado. Ele havia sido preso na sexta-feira, mas não pôde ficar em nenhuma das 21 celas da carceragem porque os outros detentos o agrediram e ameaçaram matá-lo. A polícia acredita em suicídio. Hoje à tarde, o segundo assaltante, Alan Marques Costa, de 18 anos, entregou-se à polícia. Ele estava em Acari, na zona norte, e levado para a Delegacia de Homicídios, no centro. Costa negou ter cometido os estupros e o assassinato. Ele acusou Gonçalves. Também hoje à tarde, T. teve alta do Hospital Souza Aguiar. Seu pai, Luiz Paulo Castro Lira, foi buscá-la por volta de 15 horas e não informou para onde a levaria. Segundo a direção do hospital, ela está bem fisicamente, mas deve voltar nos próximos dias para revisão da cirurgia que sofreu em virtude da facada que levou no pescoço no dia do crime. O delegado de Homicídios, Paulo Passos, disse que só vai ouvi-la depois de conversar com seu pai e seu irmão, Marcelo, de 15 anos, o que deve ocorrer amanhã. "Não temos ainda o laudo do Instituto Médico Legal (IML), determinando se a mãe dela foi estuprada e teremos muito cuidado para perguntar sobre isso à menina." O relatório do IML deve ficar pronto amanhã. Suicídio Segundo o diretor da Polinter, o delegado Jader Machado Amaral, Gonçalves estava numa sala destinada a visitas de parentes e advogados de presos, onde havia apenas um colchonete e um ventilador. "Suas mãos estavam algemadas na frente, mas ele tinha liberdade de movimentos", contou o delegado. "No sábado e domingo, comeu normalmente e ontem, às 7 horas, na troca do plantão, ainda estava vivo e bem. Às 8h30m, o encarregado de levar-lhe o café da manhã, encontrou-o agonizando, enforcado no fio do ventilador, mas com os pés encostando no chão. Gonçalves foi levado ao Hospital Souza Aguiar, mas já chegou lá morto." A Corregedoria de Polícia mandou instalar uma Verificação Preliminar de Investigação (VPI), procedimento que precede ao inquérito, para apurar a morte. No entanto, o governador Anthony Garotinho disse ter sido informado pelo chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, que Gonçalves teria dito aos políciais da Polinter que não tinha mais motivo para viver, pois havia sido "denunciado pela própria mulher e apanhado dos companheiros de cela." O governador disse também ter sabido que ele estava drogado na hora do assalto, na quinta-feira, mas negou que Marcelo estivesse algemado ou amarrado. A VPI deve ser concluída em dez dias, mas o delegado Jader Amaral tem como quase certa a hipótese de suicídio, pois ninguém teve acesso ao preso na hora e meia entre a troca do plantão e o momento em que Gonçalves foi encontrado agonizando. Ele lembrou que o preso tinha escoriações causadas pelas agressões que sofreu da parte de seus vizinhos, na Vila Kennedy e dos outros presos que estavam nas duas celas para onde foi levado no dia da prisão. Garotinho, no entanto, disse que dentro de 72 horas a investigação da morte de Gonçalves estaria concluída. O engenheiro Celso Maia Verçosa, que era companheiro de Márcia Lira, foi à Delegacia de Homicídios no fim da tarde de ontem, quando Alan Marques Costa foi apresentado à imprensa. Muito abalado, ele defendeu a pena de morte para o pedreiro e não lamentou a morte do outro acusado preso. "Agradeço a quem o matou", disse. Verçosa contou que T. está bem, mas ainda não sabe que a mãe morreu. Depoimento Alan Marques da Costa, que trabalhou como auxiliar de obra na casa de Márcia durante quatro meses, contou que foi "obrigado" a participar do assalto. "Um homem me rendeu em Santa Teresa e disse que eu deveria assaltar a casa, ou minha mulher e filhos seriam mortos", contou. Ele disse que não viu o estupro da fonoaudióloga, nem ouviu seus gritos e os da filha. "Fiquei no quarto com o Luiz Paulo (ex-marido de Márcia) e o Marcelo. Quando tudo acabou, vi que a Dona Márcia estava mole sobre a cama. Marcelo (o assaltante) colocou o revólver na minha cabeça e mandou que eu esfaqueasse T.", afirmou. O delegado Paulo Passos disse que somente os depoimentos de Lira, ex-marido da fonoaudióloga, e do filho Marcelo poderão esclarecer se a versão de Costa está correta. Os dois foram feitos reféns pelos assaltantes, e estão em estado de choque. "Vou precisar da presença de um psicólogo para não pressioná-los demais", disse o delegado.

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