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País ficará ingovernável se não houver reforma política, diz Sarney

"Se não a fizermos, o Brasil estará ainda mais ingovernável no próximo governo e ficará estagnado", afirmou o senador

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-presidente da República e senador José Sarney (PMDB-AP) disse nesta quarta-feira, 02, em almoço com cerca de 30 empresários da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), que a realização de uma reforma política no próximo governo, seja ele qual for, é condição "imprescindível" para garantir a governabilidade do próximo mandato presidencial. "Se não a fizermos, o Brasil estará ainda mais ingovernável no próximo governo e ficará estagnado", afirmou o senador, em entrevista coletiva, após o almoço na sede Abdib, durante o qual ele foi instado a defender a reforma política. Segundo Sarney, tal reforma deverá passar por um processo de acordo político geral para atingir seu objetivo, nos moldes do produzido durante o governo de Felipe González na Espanha, onde houve coalizão de forças de todos os partidos. "Uma reforma tem que ser concertada com todos os atores, de maneira que eu acho que não só o governador (Geraldo) Alckmin, como o presidente Lula, devem ter um terreno comum para debater o assunto e realizá-la", salientou. "Vejo espaço para concertação a qualquer momento, porque transcende a política partidária e é um assunto que interessa ao Brasil", acrescentou. Na visão do ex-presidente, no formato atual, as instituições políticas brasileiras "remontam ao século XIX", resultando num Congresso Nacional que "de certo modo está desrespeitado e cheirando mal". Desta forma, Sarney entende como viável o estabelecimento de um acordo entre todos os partidos políticos, para que a reforma seja realizada já na próxima gestão. Sanguessugas Ainda ao tratar sobre o Congresso Nacional, ele negou estar sendo investigado por ter sido citado nas apurações do caso dos sanguessugas e afirmou que quer distância do assunto, assim como quem é da Amazônia não se aproxima de "mugueta"(planta amazônica). "A mugueta cheira a podridão e a gente não deve encostar nela", explicou. Eleições Por fim, o senador evitou criticar os rumos da campanha de reeleição do presidente Lula. "Não tenho participado e nem opinado sobre os rumos da campanha e não conheço exatamente como tudo está se desenrolando", desconversou, ao ser indagado sobre o noticiário desta quarta, dando conta de que ele e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), os principais aliados de Lula dentro do PMDB, se sentiam desprestigiados pela coordenação da campanha. Para evitar análise de que desembarcava da campanha de Lula, Sarney tratou de defender a reeleição do presidente. "Acho que a eleição de Lula foi muita boa para o Brasil, e a continuidade também. Se não tivermos um presidente que inspire as classes sociais, que tenha o problema social como prioritário e que possa concluir projetos sociais, podemos perder algo que o Brasil deve merecer, que é a preocupação com a questão social", argumentou.

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