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''''Pais precisam estar mais presentes'''', diz especialista

Por Rodrigo Brancatelli
Atualização:

Todos os jovens citados nesta página poderiam muito bem estar em qualquer outra seção dos jornais. Não nas páginas policiais. Seja com a descoberta de mais uma droga usada por adolescentes ou mesmo a notícia sobre um jovem traficante, as perguntas dos pais sempre voltam - Por quê? Foi falta de afeto? De limites? Igreja? Efeitos de uma família desestruturada? Segundo especialistas, o grande problema é que não há uma resposta simples. "Vivemos uma era de otimismo farmacológico, onde as pessoas sempre acham que vão encontrar a solução das suas agonias em uma droga", diz o professor de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Ronaldo Laranjeiras. "Infelizmente, vamos ter cada vez mais problemas com drogas, por causa da economia. As pessoas associam drogas a pobreza e famílias desestruturadas. Mas é o contrário." Usar drogas significa, em primeiro lugar, buscar prazer. E é difícil lutar contra isso. Para o psiquiatra e educador Içami Tiba, a prevenção tem de mostrar primordialmente que o prazer dado por substâncias ilegais é ilusório e tem um efeito negativo muito maior. "Os jovens não se aproximarão das drogas se as temerem", escreve Tiba em seu livro Anjos Caídos, indicando que os pais precisam desenvolver a auto-estima dos seus filhos. O psicólogo e educador Maurício Dantas, especialista em tratar famílias cujos filhos já foram dependentes químicos, também concorda que os pais precisam não só transmitir afeto, mas também valores e limites. "Acho que os pais precisam estar mais presentes, mais em cima da vida dos adolescentes", diz. "Hoje, as pessoas acabam tendo contato com as drogas ainda muito cedo, quase crianças, quando não há discernimento ou muito menos um caráter formado." Para o psicanalista Jorge Forbes, membro da Escola Européia de Psicanálise, o problema não é tanto a informação. Segundo ele, há um grande conflito de geração - os mais velhos simplesmente desconhecem os jovens de hoje, superinformados desde pequenos pela televisão e pela internet. "Os pais estão desarmados, porque os filhos parecem saber muito mais do que eles", diz. "O problema é que vivemos hoje uma falta de norte. Neste mundo globalizado, não temos uma bússola para nos orientar. A tendência é sempre moralizar, ?chamar o síndico?, mas isso seria simplista demais.

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