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Palocci responde a Tarso: "nunca houve a Era Palocci"

O ministro Tarso Genro afirmou ter ´acabado a era Palocci´. Para ex-ministro da Fazenda, contudo, tal ´era´ nunca existiu e decisões econômicas passam por Lula

Por Agencia Estado
Atualização:

O deputado federal eleito e ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci (PT), criticou o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que afirmou, em Porto Alegre (RS), ter acabado a "era Palocci" na economia brasileira, com baixas de crescimento, preocupação neurótica com a inflação, sem pensar em distribuição de renda. "Nunca houve a era Palocci. A política econômica sempre foi uma decisão do presidente Lula e não acredito que um ministro como o Tarso Genro, que é um grande líder no País, possa fazer qualquer reparo na política econômica do presidente Lula que tem sido vitoriosa", disse Palocci, logo após votar, em Ribeirão Preto (SP), numa rara entrevista à imprensa. O ex-ministro defendeu, entretanto, que a política econômica num segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva passe por ajustes em busca de um maior crescimento da economia. "A política econômica tem sempre que melhorar, com crescimento mais vigoroso do PIB. É um esforço que todo o Brasil deve fazer, porque, nesse primeiro período, foi plantada a semente da estabilidade da economia, o comportamento da inflação nunca foi tão bom e o povo é o grande beneficiário disso", afirmou Palocci. "Não se trata agora de manter a política, mas de avançar", completou. Ao contrário das críticas feitas a Tarso, Palocci elogiou e defendeu Guido Mantega, seu sucessor no Ministério da Fazenda. Ele disse que Mantega tem se mostrado, desde o início do governo e não só no ministério, "ser uma pessoa preparada para enfrentar os desafios da área econômica e de outras áreas em que já esteve à frente. É uma pessoa equilibrada, cuidadosa em relação às suas medidas, e todas (as medidas) que ele tomou neste período eu pessoalmente não teria críticas a fazer", explicou. Ao contrário do primeiro turno, quando votou às 8h25, Palocci chegou ao colégio Otoniel Mota, onde ele próprio estudou, no centro da cidade paulista, às 12h50 e votou em menos de um minuto. Cumprimentou eleitores, conversou com os mesários e ainda mostrou aos jornalistas onde era o laboratório de química da escola. Ao ser indagado sobre a eventual eleição de Lula e ainda se aceitaria um cargo no próximo mandato, Palocci disse que espera apenas ser um deputado a serviço do Brasil. "O povo me deu um cargo de deputado e eu penso que, humildemente, possa trabalhar junto com os demais construir medidas e soluções para ajudar o Brasil a dar um salto de qualidade, de educação, melhorar e vencer o desequilíbrio social e conquistar um crescimento econômico mais vigoroso", afirmou. Por fim, Palocci disse que torce pelo sucesso de Lula no segundo mandato e também defendeu, assim como o próprio presidente da República, uma união nacional. "É muito difícil equilibrar toda a complexidade das demandas do Brasil e espero que, com a reeleição do presidente Lula, ele tenha a humildade e a grandeza que sempre tem tido de dialogar com todos", concluiu. Palocci encerrou a entrevista antes de responder perguntas sobre o pedido de prisão contra ele feito pelo delegado seccional de Ribeirão Preto, Benedito Antonio Valencise, à Justiça, por suspeita de participação em irregularidades no contrato de limpeza urbana na cidade paulista a qual ele governou por duas vezes entre de 1993 a 1996 e entre 2001 e 2002. Não falou ainda sobre seu fraco desempenho nas urnas de Ribeirão Preto, onde foi apenas o quarto deputado federal mais votado.

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