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Pane aérea foi causada por manuseio indevido, diz relatório

Engenheiro realizou perícia no Cindacta-1 e excluiu possibilidade de sabotagem

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de analisar a central de áudio que controla as freqüências de rádio de comunicação com as aeronaves do Cindacta-1, em Brasília, o engenheiro italiano projetista do equipamento apresentou à Aeronáutica um relatório sucinto sobre sua vistoria recheado de terminologias técnicas, no qual "exclui a possibilidade de sabotagem". O documento, entregue nesta noite à Aeronáutica, informa que a pane foi causada por um manuseio indevido, que teria provocado um erro involuntário, como explicou o comandante da FAB, brigadeiro Luiz Carlos Bueno. Segundo as explicações do engenheiro que constam do documento, obtido pelo Estado, "o que provocou a queda da central foi o conflito de endereçamento gerado pela carta utilizada na tentativa de resolver o problema de interferência". Com a queda, todas as freqüências de rádio do País ficaram mudas e todos os aviões ficaram sem comunicação com os controladores dos vôos. O documento informa ainda que, "devido ao fato deste problema de hardware ser extremamente raro neste sistema e, possivelmente, pela pressão daquele momento, a equipe técnica deixou de fazer a verificação do ID da placa e este fato gerou o problema subseqüente". Depois de informar que o problema na central de áudio, "foi decorrente de um conflito de endereços após a substituição de uma carta do barramento de informação de dados e áudio", o engenheiro italiano explica que o problema começou quando os técnicos do Cindacta-1 "iniciaram uma pesquisa e chegaram a conclusão de que uma carta poderia estar com problemas" e ela foi substituída. O italiano prossegue explicando que, "após a substituição desta carta foi feita a mudança da cadeia A para a B, procedimento padrão, no entanto, como a carta substituída tinha um endereçamento conflitante, gerou um conflito na bridge (dispositivo que conecta duas ou mais redes de computadores) que derrubou o link de comunicação entre as centrais". O engenheiro diz "momentaneamente, a equipe não notou que as freqüências haviam caído e após o alerta por parte do centro de controle, a bridge foi isolada e foi feita a comutação para a cadeia A". Por uma questão de segurança, relata, todas as freqüências foram checadas antes de serem entregues para a área operacional. A Polícia Federal foi acionada também para ajudar nas investigações e verificar se houve interferência criminosa no equipamento provocando, blackout no tráfego aéreo e deixando o país sem pousos ou decolagens na tarde de terça-feira. A vistoria da PF também descartou completamente qualquer tipo de sabotagem. Na própria terça-feira, nas primeiras análises do equipamento, a PF já havia avisado que se retiraria da sindicância da FAB, por considerar que não havia qualquer indício de sabotagem. Mas, acabou voltando depois, por determinação superior, e mais uma vez atestou, definitivamente, que foi pane técnica. Na quinta-feira, em entrevista coletiva para explicar o problema, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, esclareceu que foram necessárias seis horas para identificar a causa da pane e que não havia técnico ou engenheiro capacitado a informar o que ocorria. Bueno informou que o equipamento, apesar de ter seis anos e nunca ter dado pane antes, "já está bastante desgastado até pelos próprios softwares que foram mudados há uma ano atrás". Em seguida, ao ser questionado sobre a qualidade dos equipamentos, o comandante surpreso com sua própria afirmação disse: "eu não falei que o equipamento estava desgastado". Diante da contestação de todos, desculpou-se, disse que o equipamento não estava desgastado, nem desatualizado e estava servindo e cumprindo o seu papel perfeitamente.

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