Pânico em assalto no Centro de São Paulo

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Por Agencia Estado
Atualização:

Moradores e comerciantes da Rua das Palmeiras, em Santa Cecília, na região central de São Paulo, viveram momentos de pânico nesta segunda-feira, durante tentativa de assalto no Supermercado Barateiro, na esquina com a Rua Martins Francisco, a um quarteirão da Estação Santa Cecília do Metrô. A ação, que terminou com um assaltante morto - além de um policial, um funcionário e uma mulher feridos -, contou com a participação de cerca de 100 policiais: 40 civis e 60 militares. Um bandido fugiu. Houve perseguição e troca de tiros por locais movimentados, como a Alameda Barros, a Rua Jaceguai e as Avenidas Amaral Gurgel e Duque de Caxias. Por volta das 11h30, armado com um revólver calibre 38, um homem identificado como Florisvaldo dos Santos Gomes, de 27 anos, entrou e anunciou o assalto. Segundo clientes, a loja estava movimentada. Avisados por um comerciante da Rua das Palmeiras, os soldados René e Simone, da polícia comunitária da 2ª Companhia, tentaram impedir o assalto. "Foi quando o ladrão foi até o fundo da loja e me rendeu. Ele me deu uma gravata e disse ´nem adianta correr´", disse o funcionário do setor de frios C.H., de 19 anos. Ele trabalha na loja há dois meses e pediu para não ter o nome divulgado. O soldado Paulo Sérgio, da Rota, caiu do telhado do mercado e teve luxação na perna. Ele foi socorrido e passa bem. Segundo o capitão Antônio Bueno de Oliveira Neto, comandante da 2ª Companhia, a partir daí começou o tiroteio. "Ele, então, fugiu com o funcionário pela porta de trás do supermercado", disse o policial. Assaltante e refém seguiram, a pé, pela Martins Francisco até a Alameda Barros. Sob a mira de Gomes, C.H. foi levado até o sinal de trânsito. Lá, o assaltante rendeu o motorista de um Escort, Milton Iamamura, de 42 anos, outro refém. Nesse ponto, um novo tiroteio, que teria envolvido oito PMs, atingiu a perna direita da atendente Isabel Cristina de Oliveira, de 37 anos, que servia clientes na Esfiha Chic, entre a Alameda Barros e a Rua Martins Francisco. Levada para a Santa Casa, Isabel recebeu alta no fim da tarde desta segunda. Entre o corre-corre de pedestres e o pânico de motoristas que tentavam se livrar do tiroteio, bandido e policiais do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra) iniciaram uma perseguição que duraria aproximadamente 10 minutos. Vindo da região da Avenida Paulista, o carro do delegado Carlos Mezher foi ao Barateiro para reforçar a operação. Antes de chegar à Rua das Palmeiras, entretanto, o delegado teria percebido a ação do assaltante no sinal de trânsito da Alameda Barros. "Fomos o único carro a perseguir o Escort, mas só disparamos tiros para cima, como advertência", contou. Da Alameda Barros até a Duque de Caxias, segundo Mezher, nenhum outro carro interferiu na perseguição. Segundo os reféns, o assaltante estaria sentado no colo de C.H., no banco traseiro, para poder manter o controle da situação com a arma apontada para a cabeça dos dois. Eles não perceberam nenhum ferimento em Gomes durante a perseguição. "Não dava nem para olhar para ele. Só pensava em Deus e em sair vivo dali", disse o motorista, que colou no vidro do carro, há poucos dias, um adesivo com os dizeres: "Basta de Violência, Eu Quero Paz". A tentativa de fuga terminou na altura do número 186 da Duque de Caxias. "Percebemos que o pneu traseiro esquerdo estava furado e vimos que o carro estava perdendo velocidade", disse. Segundo o delegado, os policiais esperaram o Escort parar. Viram os dois reféns saírem e deram voz de prisão a Gomes, que estava baleado. O assaltante foi socorrido, mas morreu na Santa Casa. Foram encontrados com ele R$ 258,00, que teriam sido roubados do supermercado. O tiro atingiu as costas e o coração de Gomes, que tinha passagens na polícia por tráfico e roubo e cumpriu 3 anos e 8 meses de detenção por roubo em Taboão da Serra (SP). Um policial civil teria dito que havia outro tiro no rosto, mas a informação não foi confirmada. Versões contraditórias colocam em dúvida a origem dos tiros que mataram o assaltante, feriram Isabel e acertaram de raspão o braço direito de C.H.. Apesar de dizer que nenhum tiro disparado por policiais militares teria acertado o ladrão, o capitão Neto afirmou que apenas armas dos PMs seriam analisadas - dois revólveres calibre 38 e uma pistola .40. O delegado Mezher diz que os policiais civis não chegaram a disparar. No carro de Iamamura, eram perceptíveis um tiro no pneu traseiro esquerdo, dois no vidro traseiro, dois na lataria, um no vidro lateral direito e uma deformação no canto esquerdo do vidro traseiro, que, segundo policiais, teria sido de um tiro dado de dentro para fora do veículo. Os policiais afirmam que dois homens teriam participado do assalto. Um, que estaria dando proteção ao assaltante, fugiu. Mas, segundo clientes, havia três pessoas: além dos dois homens, uma jovem também teria participado do crime. Eles teriam tentado assaltar o supermercado na semana passada. "Foi um susto muito grande. Só ouvi os tiros e me joguei no chão", disse o encarregado de obras Laércio dos Santos Silva, de 66 anos. "Vim neste mercado porque achei mais seguro que comprar na região do Glicério."

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