
21 de março de 2018 | 22h17
SÃO PAULO - O papa Francisco aceitou nesta quarta-feira, 21, o pedido de renúncia de monsenhor Dario Edoardo Viganò, o poderoso prefeito da Secretaria para a Comunicação da Santa Sé que vinha fazendo uma revolução na área, com a concentração de toda a mídia do Vaticano no mesmo setor e sob uma única orientação.
+++ Papa Francisco telefona para mãe de Marielle
"Nesses últimos dias houve muitas polêmicas acerca da minha função, que, além das intenções, desestabiliza o complexo e o grande trabalho de reforma que o senhor me confiou, em junho de 2015, e que vê agora cumprir a reta final, graças à contribuição de muitas pessoas, sobretudo dos funcionários", disse Viganò ao apresentar a renúncia.
+++ Vaticano divulga trailer de filme sobre o papa
A controvérsia começou no dia 12, na apresentação de uma série de livros, de dez volumes, com o título A Teologia do papa Francisco, para a qual Viganò havia pedido uma reflexão do papa emérito Bento XVI. O prefeito para a Comunicação publicou trechos selecionados do texto, mas omitiu a reflexão que Bento XVI fazia sobre eles.
+++ Papa nomeia arcebispo de Uberaba para ‘governar’ diocese do bispo preso
A Secretaria para a Comunicação, que tem o mesmo nível das congregações ou ministérios da Cúria Romana, conta com 620 funcionários. Desde esta quarta-feira passou a ser dirigido pelo monsenhor Lucio Adrián Ruz, até a nomeação do novo prefeito, informou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, jornalista Greg Burke.
Viganò, de 55 anos, nasceu no Rio de Janeiro, mas é também cidadão italiano. Ele teve dois encontros com o papa nos últimos dias para tratar de seu afastamento do cargo. Francisco lamentou a decisão e, ao aceitar a renúncia, pediu que ele continuasse trabalhando como assessor na secretaria. Suas novas funções ainda não foram definidas.
Ao apresentar a renúncia, Viganò lembrou a Francisco que ele havia advertido, ao receber felicitações da Cúria, no Natal de 2016, que "a reforma será eficaz somente e exclusivamente se for implementada com homens renovados e não simplesmente com novos homens".
Fonte próxima de Viganò na Rádio Vaticano comentou que, ao entrar em polêmica com o prefeito para a Comunicação, alguns membros da cúpula da Igreja pretendem atingir o papa.
Os meios de comunicação incluem a Rádio do Vaticano, emissora de TV, vídeo, cinema, sala de imprensa, boletins diários de notícia, o jornal oficioso Osservatore Romano, a Editora Pontifícia e o órgão oficial Acta Apostolicae Sedis, publicado em latim.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.