Papa assistirá a testemunhos de jovens em palco durante vigília em Guaratiba

Público estimado para o evento da Jornada Mundial da Juventude na zona oeste do Rio, em 27 de julho, é de 1,5 milhão de pessoas

PUBLICIDADE

Por Luciana Nunes Leal
Atualização:

RIO - Quatro jovens que estiveram no limite do desespero e encontraram na fé um caminho para suas vidas contarão essas experiências, na noite do dia 27 de julho, diante do papa Francisco, para um público estimado em 1,5 milhão de pessoas. A cada história narrada, voluntários "construirão" uma igreja no palco, que depois será desmontada e terá as partes carregadas no meio da multidão. Esta é uma das cenas da abertura da vigília que acontecerá no espaço chamado Campus Fidei (Campo da Fé), em Guaratiba, zona oeste do Rio, na véspera do encerramento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

O Estado publica abaixo imagens inéditas da simulação como ficará o palco, que terá, além da igreja cenográfica de oito metros de altura por dez metros de comprimento, uma cruz de 33 metros. Colunas com as palavras "amizade", "amor" e "união" também vão compor o cenário. O papa ficará em uma cadeira no fundo do palco, onde chegará depois de cruzar o Campus Fidei de papamóvel, em um trajeto iluminado por cinco mil lanternas de papel.

 

PUBLICIDADE

 

"A ideia é firmar o compromisso com o tema da Jornada, 'Ide e fazei discípulos entre todas as nações'. Quando você conta para alguém a sua história de encontro espiritual, você está evangelizando. Essas histórias serão intercaladas com a construção de uma igreja. Quero dizer que o jovem vai reconstruir a Igreja. Depois, um grupo enorme de pessoas caminha com todas as partes da igreja pelo Campus Fidei, mostrando que ela será montada em outro lugar", descreve o diretor de teatro e televisão Ulysses Cruz, contratado pela organização da Jornada para montar a abertura da vigília e a via sacra, que será encenada no dia 26 de julho, na Praia de Copacabana.

Paulista radicado no Rio há 16 anos, quando foi trabalhar na TV Globo depois de longa carreira no teatro, Ulysses trabalha desde fevereiro na criação das duas montagens. "No domingo passado, ensaiamos o cortejo da cruz peregrina na via sacra. Tive ali uma visão da juventude positiva, que acredita. Vieram 200 jovens, com um sorriso no rosto, uma grande paixão. Chorei muitas vezes", conta Ulysses, católico não praticamente e encantado com a missão que o aproximou de muitos religiosos. "Isso é excepcional, acontece uma vez na vida", diz.

Integrante do núcleo do diretor Wolf Maia na Globo e responsável, nos últimos quatro anos, pelo Criança Esperança, Ulysses levou parte de profissionais da TV para a criação e montagem da via sacra e da abertura da vigília, como a figurinista Beth Filipecki e o produtor musical Roger Henri. Convidou a atriz Cássia Kiss, amiga de longa data, para viver Maria, em uma das estações da via crúcis. "Ela não será uma mãe chorosa, sucumbida. É uma mãe segura, forte diante do sofrimento de Jesus. Eu precisava de uma atriz que não derramasse um rio de lágrimas. Atrás dela virão 20 mães segurando seus filhos, todas voluntárias", revela o diretor. Outros atores profissionais, como Toni Ramos, Murilo Rosa e Eriberto Leão, também participarão de eventos da Jornada e abriram mão dos cachês.

As estações da via sacra serão encenadas em 13 palcos ao longo de pouco mais de um quilômetro da Praia de Copacabana. Alguns deles reproduzem locais como a pedra do Arpoador e a escadaria da Lapa. A décima quarta estação será encenada no palco principal, no Leme, onde estará o papa Francisco. Em vez de ver as demais estações em um telão, como pensado inicialmente, o pontífice assistirá no palco outras encenações da via crúcis.

"Achei que era o maior anticlímax o papa passar pela praia no papamóvel, causar aquela emoção, e depois sentar e ver um telão. A pessoa mais próxima de Deus, o Sumo Pontífice não pode ficar olhando um telão. Inventei uma outra via sacra, com uma trupe de 25 atores e voluntários, no palco principal", conta o diretor. Na próxima semana, Ulysses percorrerá várias cidades em busca de peças religiosas que serão usadas na encenação para o papa. "Vou resgatar os triunfos eucarísticos, quando a Igreja colocava na rua suas preciosidades. Vamos mostrar para o papa a arte sacra brasileira do Brasil Colônia até o século 21", promete.

Publicidade

"O tema da via sacra é o jovem solidário. Vamos ligar a realidade da juventude ao sofrimento de Jesus. Na vigília, teremos momentos de festa, de reflexão e de oração e o papa falará aos jovens", resume o padre Renato Martins, responsável pelos Atos Centrais da Jornada - além da via sacra e da vigília, a missa de abertura (sem a presença do papa), a cerimônia de acolhida e a missa de encerramento.

 Em Guaratiba, depois da saída do papa, na noite do dia 27, o palco será ocupado por jovens de todo o País em recuperação da dependência da drogas, que farão um show com a banda de origem italiana Gen Rosso, agora integrada por músicos de várias partes do mundo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.