Papa chega a Fátima

A cerimônia reuniu cerca de 400 mil pessoas que passaram a tarde em vigília para as comemorações que culminam com a canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta

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Por José Maria Mayrink
Atualização:

FÁTIMA, PORTUGAL - Uma mensagem sobre a devoção a Nossa Senhora, seguida pela bênção das velas e recitação do Terço na praça do Santuário de Fátima, emocionou até as lágrimas milhares de peregrinos que receberam o papa Francisco, nesta sexta-feira, no primeiro dia de sua visita a Portugal, onde comemora o centenário das aparições da Virgem Maria a três pastorinhos, em 13 de maio de 1917. A cerimônia reuniu cerca de 400 mil pessoas que passaram a tarde em vigília para as comemorações que culminam neste sábado com a canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta, durante celebração de uma missa às 10 horas (6 horas no Brasil).

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"Quem quiser ser cristão, tem de ser mariano", disse o papa, aconselhando os católicos a observar a relação que existe entre Maria e seu filho, pois é ela quem abre o caminho que leva a Jesus Cristo. Misericórdia, paz e justiça foram as palavras marcantes de Francisco, que falou em português com sotaque brasileiro ligeiramente marcado pelo espanhol, sua língua natal. A multidão ouviu em silêncio, mas aplaudiu com entusiasmo quando o papa encerrou a saudação.

Veja também: O milagre de Fátima: 'Nosso filho caiu de 7 metros, estava em coma profundo' Foi o segundo encontro do papa com os peregrinos. Ao chegar a Fátima, desembarcando de um helicóptero no estádio municipal, que agora passa a se chamar Estádio Papa Francisco, o chefe da Igreja Católica entrou na praça do Santuário num papamóvel aberto e dirigiu-se à Capelinha das Aparições. Rezou ali alguns minutos diante da imagem original de Nossa Senhora de Fátima, abraçou algumas crianças, alunas de 10 escolas de Fátima que foram recepcioná-lo e seguiu para a casa das irmãs carmelitas onde está hospedado.

A praça tem capacidade para 370 mil pessoas, e entre sexta e sábado são esperados cerca de 500 mil peregrinos. Os numerosos hotéis e conventos religiosos que recebem hóspedes estão esgotados há dois anos. Foto: AFP / FRANCISCO LEONG

A viagem de Francisco é uma visita ao Santuário, não é uma visita de Estado. Apesar disso, foi recebido na Base Aérea de Monte Real pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e por outras autoridades. Conversou reservadamente com o presidente or 10 minutos na base aérea. Ao entrar no espaço aéreo português, o avião da Alitália que trouxe comitiva papal foi escoltado por dois caças F-16. Seis helicópteros transportaram o papa e sua comitiva da base aérea para Fátima, numa distância de 40 quilômetros. "Esta viagem é algo especial, uma viagem de oração de encontro com o Senhor e a Santa Mãe de Deus", declarou Francisco à repórter da Radio e Televisão Portuguesa, no vôo de Roma para Portugal. Esse foi o tom dos primeiros compromissos em Fátima. O auge da visita pastoral, que vai durar pouco menos de 24 horas, será a canonização de Francisco e Jacinta. Francisco é o quarto papa a visitar Fátima, onde Paulo VI esteve em 1967, João Paulo II em 1982, 1991 e 2000, e Bento XVI em 2010. João Paulo II atribuiu o "milagre" de ter sobrevivido a um atentado na Praça de São Pedro, no Vaticano, em 13 de maio de 1981, à proteçãso de Nossa Senhora de Fátima. A bala do atentado esté encrustada na coroa da imagem da santa.

A proteção do papa está confiada a 6 mil agentes e militares em Fátima (freguesia de 13 mil habitantes no município de Ourém), mas ele não parece preocupado com a segurança. Locomove-se sempre entre agentes à paisana do Vaticano e de homens da Guarda Nacional Republicana, num esquema rígido que já quebrou três vezes: dispensou um papamóvel fechado e blindado, e caminhou mais de 200 metros a pé na ala central da praça do Santuário, ao chegar para a bênção e procissão das velas. Ao se retirar, sentou-se no banco da frente, ao lado do motorista.

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