´Papai Noel atirador´ é condenado a 13 anos e quatro meses de prisão

Em 2001, o acusado, vestindo uma roupa de Papai Noel, deu três tiros contra a publicitária Renata Guimarães Archilla

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Por Agencia Estado
Atualização:

O policial militar José Benedito da Silva foi condenado nesta terça-feira a 13 anos e quatro meses de prisão pela tentativa de homicídio da publicitária Renata Guimarães Archilla. Em dezembro de 2001, o acusado, vestindo uma roupa de Papai Noel, deu três tiros contra a vítima num semáforo do bairro do Morumbi, São Paulo. Benedito, que também perdeu o cargo de PM, teve a prisão decretada durante a leitura da sentença pela juíza Patrícia Álvares Cruz. Fantasia O réu vestiu, pela segunda vez, a roupa de Papai Noel com que tentou matar Renata. Ele usou a roupa a pedido de seu advogado, Celso Vendramini, no plenário 7 do 1º Tribunal do Júri, para tentar mostrar que as vestes eram grandes demais para seu tipo físico, e, portanto, ele não poderia ser o autor do crime. Os jurados não se convenceram e o condenaram, por 4 votos a 3, por tentativa de homicídio qualificada. Eles entenderam que o autor não deu chance de defesa à vítima. A Juíza Álvares Cruz ressaltou que o crime cometido por Benedito era agravado devido a sua condição de policial militar, que teria a obrigação de proteger a sociedade. Segundo a juíza, os três tiros disparados contra Renata foram um ataque covarde, que "exige rigorosa reprovação". Página virada Renata ficou muito emocionada ao saber da decisão e disse que a Justiça foi feita. "Estou encerrando aqui esse pedaço da minha vida, que quero esquecer que aconteceu, e começar uma nova vida", afirmou. "Eu nunca iria acusar uma pessoa que eu tivesse absoluta certeza que foi (autor do crime)". A mulher de Benedito, Josélia Domingues da Silva, não quis falar com a reportagem. Supostos mandantes Para o promotor do caso, Roberto Tardelli, a pena foi adequada, bem como a prisão e a perda do cargo do PM. "Ele não tem condições de envergar essa farda, que é uma farda gloriosa", afirmou. O próximo passo do promotor será denunciar os mandantes do crime, que, segundo ele, são o avô e o pai de Renata, Nicolau Archilla Galan e Renato Archilla, respectivamente. Recurso O advogado do réu já adiantou que vai recorrer. "Meu cliente foi condenado por causa da televisão", atacou. "Os jurados condenaram um inocente." Este foi o segundo julgamento do acusado. Na primeira vez, em 2003, Benedito foi condenado por unanimidade e também recorreu. O caso No dia 17 de dezembro de 2001, um homem vestido de Papai Noel e armado com um revólver calibre 38 tentou matar Renata, à frente do volante de seu carro, num semáforo. "A garota se envolveu em um processo de reconhecimento de sua paternidade, ganhou, e estamos investigando para saber se a briga na Justiça provocou os fatos", explicou à época o delegado Olavo Reino Francisco. A publicitária conseguiu provar que Renato Archilla era realmente seu pai. "Nem o pai nem o avô aceitaram a decisão da Justiça. Ela passou a usar o sobrenome do pai e lutou para receber o dinheiro da pensão", revelou Reino Francisco na ocasião. Benedito foi preso duas semanas após o atentado, depois que a polícia localizou um carro que havia feito campana na rua onde Renata morava, preparando-se para o atentado. O processo para reconhecimento da paternidade de Renata foi um dos primeiros a utilizar o recurso dos exames de DNA no Brasil.

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