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Para artista, entrega vira parceria

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Por Redação
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A composição do acervo da Pinacoteca do Estado, mais importante museu da rede estadual, apresenta uma síntese da reciprocidade existente entre artista e espaço expositor do trabalho. No museu que mais recebe doações do Estado, mais da metade do acervo - 54%, ou cerca de 4,1 mil peças - foi doado pelos próprios artistas, geralmente após a realização de exposições individuais no local. "É nos museus que a obra do artista se torna perene. É uma ótima parceria para todos", afirma o diretor da Pinacoteca, Marcelo Araújo. "Quando uma instituição aceita uma obra como doação, o artista se sente acolhido. Não sente como algo que está perdendo, mas como extensão da obra", avalia a artista plástica Maria Bonomi, um dos grandes nomes da gravura no País, que doou, após a última exposição, o tríptico Balada do Terror (1970). Para Renina Katz, gravadora que, aos 83 anos, continua produzindo em profusão - atualmente, trabalha em uma extensa sequência de aquarelas -, a doação de obras de arte para museus é ainda mais importante em países em desenvolvimento, cuja tradição de comprar ou colecionar obras de arte é menos expressiva. "Nos museus temos garantia de que nosso trabalho será conservado. É a melhor maneira de fugir do temor de todo artista: que a obra se perca", diz Renina. Somente em São Paulo, ela já doou obras para a Pinacoteca, o Museu de Arte Contemporânea (MAC) e o Museu de Arte Moderna (MAM). No ano passado, fez a maior doação da sua carreira: foram mais de 80 obras, cedidas ao Museu Nacional de Belas Artes, no Rio. "O visitante dos museus de grandes centros estimula o artista a doar. Sua obra fica exposta do estudante do primário ao de pós-doutorado em História da Arte." Em outro importante museu de São Paulo, o MAM, nove dos dez principais doadores de acervo são artistas - o maior deles, o pintor Almir Mavignier, com 161 obras doadas.

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