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Para barrar destruição, força-tarefa e novo parque

Dono de terra poderá ser punido sem a necessidade de autuação em solo

Por Eduardo Nunomura
Atualização:

O plano de proteção ambiental na região da Cantareira está pronto. Prefeitos de nove cidades vão conhecer nesta semana os detalhes das ações e medidas que a reportagem do Estado antecipa agora. Ainda neste ano será criado um novo parque estadual, de cerca de 1,74 milhão de metros quadrados (174 hectares), tamanho equivalente ao do Horto Florestal, na zona norte. A localização foi escolhida segundo indicações do Programa Biota, da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo, por se tratar de uma faixa de mata atlântica preservada e de grande biodiversidade. O endereço não pode ser divulgado para evitar que especuladores imobiliários cheguem antes e tumultuem o processo de criação da unidade de conservação. Faz sentido o zelo da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) em não antecipar onde será o novo parque. A Serra da Cantareira, a maior floresta urbana do mundo, com 7.900 hectares (2,4 florestas da Tijuca), está sob ameaça de loteamentos regulares e irregulares, do desmatamento, das pedreiras, dos bota-foras de lixos urbanos e até da criação de animais. Depois de dedicar atenção a dois outros importantes reservatórios de água de São Paulo, a Billings e a Guarapiranga, a Sema iniciará uma força-tarefa na Cantareira. Um polígono de 78.689,36 hectares, que inclui a zona de amortecimento do parque estadual, será alvo de uma fiscalização sistemática. Helicópteros da Polícia Ambiental farão sobrevoos quinzenais de uma hora e meia na área que foi dividida no mapa em quatro setores. Dentro das aeronaves, técnicos confrontarão imagens de satélite com o que veem no solo. Se houver alteração, o ponto será marcado no aparelho de GPS. Com as coordenadas, equipes no solo poderão verificar a ocorrência. Para evitar que desmatamentos autorizados cortem mata nativa além do permitido, esses pontos também serão acompanhados de perto. Assim como as áreas que devem ser mantidas intactas, segundo o licenciamento da Sema. De posse das coordenadas, os técnicos da Sema e policiais ambientais poderão montar um banco de dados que auxiliará no acompanhamento da área. O projeto batizado de Olhos de Águia permitirá que um dono de terra seja autuado mesmo sem o flagrante em solo. Uma mudança nos pontos já georreferenciados constatada no sobrevoo servirá de prova. No total, 32 policiais militares participarão das blitze a serem feitas nas estradas da região, com bloqueios para coibir transporte irregular de madeira e despejo de caçambas. Até lojas de material de construção serão acompanhadas. Pela experiência na Guarapiranga, esses locais servem como bons indicadores de onde pode estar ocorrendo novas ocupações em loteamentos clandestinos ou regulares.

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