Para CPI, pilotos devem responder por crime doloso

Deputados defendem que Lepore e Paladino voltem ao País para depor

PUBLICIDADE

Por Ana Paula Scinocca , Denise Madueño e BRASÍLIA
Atualização:

O relator da CPI do Apagão Aéreo na Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), disse ontem que a confirmação de que os pilotos do Legacy desligaram o transponder - o que teria sido a principal causa da segunda maior tragédia da aviação brasileira, em 29 de setembro de 2006 - só reforça a necessidade de que Joseph Lepore e Jan Paladino devem ser responsabilizados criminalmente pelo acidente com o vôo 1907, da Gol, que deixou 154 mortos. A Aeronáutica já concluiu, e vai divulgar nesta semana, que o transponder, equipamento que poderia ter evitado a colisão com o Boeing da Gol, foi desligado pela mão de um dos pilotos sete minutos depois de a aeronave passar por Brasília. O equipamento só voltou a ser acionado três muitos após o choque com o avião da Gol. "Durante a CPI já havíamos apontado que o desligamento do transponder foi uma das causas do acidente. O relatório da Aeronáutica só confirma que os principais responsáveis pelo acidente foram os pilotos do Legacy e eles têm de ser responsabilizados por crime doloso", disse. Também integrante da CPI, o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) defendeu empenho do governo para trazer para o Brasil os dois pilotos para responder pelo acidente. Loures lembrou que Lepore e Paladino se recusaram a prestar esclarecimentos à Justiça brasileira e não compareceram à CPI. "Essa estratégia de defesa é um sinal de que eles não estão prontos a prestar contas do que fizeram naquele vôo. É um sinal forte de que eles não tenham falado toda a verdade", disse. "Na minha opinião, eles são os culpados, apesar de um acidente ser uma somatória de erros." Para o deputado, houve imperícia por parte dos pilotos, que não conheciam o equipamento e desconheciam o sistema de controle aéreo brasileiro. "Na época, os trabalhos já apontavam imperícia dos americanos, hipótese confirmada agora." Outro integrante da CPI, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), disse não ter ficado surpreso com o relatório da Aeronáutica. E destacou que a confirmação de que o transponder foi desligado tem impacto grande na área civil, além da criminal. "Eles podem não ter tido a intenção, mas têm uma culpa. Na questão civil, pode servir para definir quem vai pagar a indenização para as famílias", disse Fruet. Tio de uma das vítimas do vôo 1907, Jorge André Cavalcanti disse ontem que o relatório só confirma as suspeitas com as quais já se vinha trabalhando.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.