Para Dirceu, proposta de Lula é ´jogar areia nos olhos da sociedade´

O ex-ministro da Casa Civil, no entanto, defendeu a reforma política como prioridade

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O deputado cassado e ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu afirmou, durante uma palestra no Sindicato dos Bancários do Rio na noite de quinta-feira, que a proposta de assembléia nacional constituinte sugerida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após reunião com juristas "é jogar areia nos olhos da sociedade". Ele, no entanto, defendeu a reforma política como prioridade e admitiu que foi um erro o "primeiro governo" não ter feito a reforma: "nós pagamos por isso um preço caro", afirmou. Sempre referindo-se ao governo na primeira pessoa do plural, o ex-presidente do PT, convidado pelo sindicato para "debater a conjuntura nacional", discursou por 45 minutos, depois respondeu a dez perguntas, foi aplaudido e distribuiu autógrafos. Hoje "advogado e consultor", Dirceu disse que vai inaugurar no dia 7 um blog no portal IG com comentários sobre a eleição e uma "entrevista bomba". Erros e acertos Ele disse que é preciso tirar lições do erros, que o País poderia ter avançado mais. "O primeiro governo não mudou a lei orçamentária, e agora estamos vendo as conseqüências no escândalo dos sanguessugas." Declarou, porém, que os acertos, entre eles a distribuição de renda, criaram condições para fazer mais no segundo governo. O ex-ministro apresentou uma agenda para os próximos 4 anos: investir "pesado" em educação e na área de desenvolvimento urbano, criar 2 milhões de empregos por ano, avançar e consolidar o Mercosul e fazer as reformas política, administrativa e da lei orçamentária, "que é a maneira de acabar com o caixa 2 e combater a corrupção". Reeleição "Nós vamos reeleger o companheiro Lula. A questão principal hoje é essa. Todo o resto é secundário. Porque nós estamos num projeto político de décadas e nós somos continuadores de uma luta histórica. Somos de esquerda, somos um movimento socialista, um partido político, uma instituição. Esta luta histórica é a luta entre a submissão do nosso País a interesses internacionais e a soberania e a independência do Brasil." Dirceu voltou a repetir que não existiu mensalão. "O que houve foi repasse de recursos de origem de caixa 2 para partidos políticos na eleição de 2004. Até hoje não foi provado que houve mensalão. Os deputados do PT receberam para votar a favor do governo?" Segundo ele, não houve tentativa de combater o caixa 2 e a corrupção, e sim de atacar o PT. No fim, Dirceu autografou livros e tirou fotografias ao lado de sindicalistas. "Fazer saudação para Dirceu é uma coisa simples, aprendemos a fazer política sob a ótica dele. Foi uma cassação injusta, política", disse o presidente estadual do PT, Alberto Cantalice, também aplaudido.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.