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Pará é rota de entrada de chineses ilegais

Por Agencia Estado
Atualização:

A prisão de quatro brasileiros pela polícia americana, há pelo menos três meses, fez com que as autoridades brasileiras descobrissem a nova rota de entrada de chineses clandestinos no Brasil e nos Estados Unidos: o Pará. Os brasileiros detidos transportavam de barco 33 imigrantes ilegais, que se lançaram ao mar com a chegada da Guarda Costeira. Avisada, a Polícia Federal iniciou uma investigação sigilosa e descobriu que muitos dos clandestinos conseguiram, no Suriname, vistos falsos para entrar no Brasil. Neste fim de semana, mais 12 chineses foram presos no mar, nas proximidades de Soure, no litoral paraense. Esta é a primeira vez que a PF detecta a entrada ilegal de chineses pelo Norte, já que, até então, isso estava restrito ao Sul e Sudeste, principalmente São Paulo e Paraná. ?Nós começamos a prender chineses clandestinos há alguns meses, mas agora a imigração ilegal ficou mais intensa?, afirmou o superintendente da PF em Belém, Geraldo Araújo, informando que, com os clandestinos, a polícia apreendeu mais de duas toneladas de alho chinês. Segundo indicam as primeiras investigações, os chineses decidiram alterar a rota pela facilidade de entrada no Brasil pelo Norte, onde a fiscalização policial não é tão grande. Além disso, os chineses estariam tentando livrar-se da extorsão que sofrem de seus próprios compatriotas, muitas vezes organizados em máfias. Para chegar ao Brasil ou à costa americana, eles deixam a China de forma clandestina, cruzam Mongólia e Rússia, costa da Europa e África, até chegar ao Suriname. As primeiras investigações da PF em torno do assunto começaram a partir da denúncia de familiares de Luiz Carlos Marques André, um dos quatro presos na costa dos Estados Unidos. O governo brasileiro até então não tinha sido informado da detenção de Marques, que está em Golden Grove Facility, em St. Croix, nas Ilhas Virgens. De acusado pela polícia de imigração americana, Marques passou a ser tratado como testemunha, já que tinha muito a falar sobre a nova rota. Luiz Carlos Marques era um dos donos do barco ?Cordeiro de Deus?, registrado em Itaituba (PA), que transportou os 33 chineses clandestinos que saíram de seu país em direção ao Suriname, onde provavelmente obtiveram documentação falsa. Ao chegar nas proximidades da Costa Rica, o barco foi abordado pela Guarda Costeira dos Estados Unidos. Os quatro brasileiros foram presos, e os imigrantes clandestinos se jogaram ao mar. A PF não soube informar se eles foram ou não resgatados. A partir daí, a PF começou a monitorar a entrada de barcos e aviões procedentes do Suriname, prendendo em um só dia, num vôo de Paramaribo para Belém, nove chineses clandestinos. Todos os vistos de entrada no Brasil eram falsos. Na semana passada, nova descoberta: num barco vindo da região do Caribe estavam outros 12 chineses com uma grande carga de alho. A suposição de investigadores que trabalham no caso é que o contrabando seria uma forma de financiar a obtenção de documentos. Além do alho, os chineses transportavam uísque e grande quantidade de sucata de bateria de carro. ?Isso foi o que mais nos intrigou?, revela Araújo, que, nesta terça-feira, começou a tomar os depoimentos dos chineses.

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