06 de junho de 2011 | 00h00
Projeções macroeconômicas, nas quais se inclui o câmbio, são o item mais barato dentre os serviços das consultorias. Eles admitem que, em 2008, houve muitas dúvidas sobre o comportamento da moeda norte-americana. E é nesse ano que Palocci diz ter aconselhado empresas sobre o assunto. "Mas a crise pegou todo mundo de surpresa, não conheço ninguém que a tenha antecipado a ponto de prestar consultoria", comentou um analista.
Até 2008, antes do início da crise, muitas empresas aplicavam numa operação na qual elas ganhavam se o dólar continuasse baixo. Elas tiveram bons ganhos até que, em setembro, o banco Lehman Brothers quebrou e o dólar disparou. Companhias brasileiras registraram fortes perdas. Sadia e Aracruz foram os casos mais conhecidos.
"O dólar passou de R$ 1,60 para quase R$ 2, 50 e ninguém sabia se podia subir ainda mais", lembrou um economista.
Ele recordou que, como o Brasil adotou o câmbio flutuante em 1999, a possibilidade de se controlar a taxa estava descartada, mas quais seriam as ações do governo para enfrentar a turbulência era uma incógnita generalizada. "Essa era a coisa que todo mundo mais queria saber."
Palocci tinha passagem recente pelo governo, o que valorizava seus conselhos. Mesmo assim, a avaliação é de que consultoria na área cambial não valeria milhões.
Reunião. Outro analista contou ter comparecido a reunião restrita na qual Palocci discorreu sobre a conjuntura econômica. Segundo ele, o petista nada disse de extraordinário. "Acho que as pessoas gostam do modo como ele fala", comentou. Para comparecer a uma reunião desse tipo, profissionais de renome cobram algo na casa dos R$ 20 mil.
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