''''Para ele, certo era certo e errado era errado'''', diz amigo de PM assassinado

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Por Felipe Werneck , Josmar Jozino e Camilla Haddad
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O coronel José Hermínio Rodrigues chegou de bicicleta, às 10 horas, à Confeitaria Delikatensse, na Avenida Engenheiro Caetano Álvares, comeu uma empadinha, bebeu um suco de mamão com laranja, depois um café, e saiu. Foi baleado perto dali, por volta de 10h30, a poucas quadras da casa onde morava. Estava sozinho, de bermuda, camiseta e tênis. Reservado, caladão e sério são as palavras mais usadas por funcionários da padaria para definir o comandante, que freqüentava o local havia cerca de 10 anos, segundo o dono, Ary Monteiro Dias Neto, de 37 anos. "Ele tomou café, saiu de bicicleta e pegaram ele. Às vezes, trazia o filho nas sextas-feiras, mas era raro, ele vinha quase sempre sozinho", disse Dias Neto, que considerava Rodrigues um "amigo particular". "Eu tinha admiração pelo caráter e pela dignidade desse homem, um cara correto. Para ele, certo era certo, e errado, errado. Não tinha meio-termo", declarou. "Era meu cliente de manhã, de tarde e de noite. Até me convidou para o aniversário do filho. Fazia amizade com todos os funcionários, era muito querido aqui. Hoje, eu disse ?Bom dia, seu Hermínio?, e ele respondeu como sempre: ?Fala, mestre?." O dono da padaria disse que nunca ouviu Hermínio fazer comentários sobre ameaças. "Ele era um homem muito reservado, não gostava de holofotes e de falar da vida privada. Para você ter uma idéia, eu só vi ele fardado três vezes nesses dez anos." Após o assassinato, várias esquinas da avenida e ruas da região foram tomadas por carros da Polícia Militar, inclusive da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Divorciado, Hermínio tinha um filho de 8 anos. Ele se formou aspirante oficial na Academia do Barro Branco em 1980. Concluiu em 2001 o Curso Superior de Polícia, exigido para policiais que pretendem se tornar coronéis. Foi aluno do presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo, coronel Luís Carlos dos Santos. "Foi um grande amigo, correto e sensato", lamentou Santos. Rodrigues também foi responsável pela Operação Carnaval 2007. O enterro está marcado para as 10 horas de hoje, no Cemitério Gethsêmani.

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