Para evitar roubos, grupo passou a exigir notas fiscais

Material apreendido revela contratação de cestas básicas e locação de micro-ônibus na Baixada Santista

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Por Marcelo Godoy
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A cúpula do PCC passou a exigir a apresentação de nota fiscal para a comprovação dos gastos da facção criminosa. A descoberta foi feita com uma apreensão de documentos no apartamento da Rua Ciro Carneiro, na Praia Grande. Ali foi encontrada a nota fiscal 295 de uma empresa de alimentos, no valor de R$ 54.133, relacionada com a compra de 872 cestas básicas e 872 caixas com 12 litros de leite integral. A locação de micro-ônibus da Trânsito Locadora de Veículos para levar familiares de presos para visitar os parentes no interior também foi documentada, por meio de recibos. Seis sobre viagens de parentes para a cidade de Presidente Bernardes foram apreendidos. Cada um tinha o valor de R$ 2,5 mil. Em Bernardes fica o Centro de Readaptação Penitenciária (CRP), presídio de segurança máxima no qual os detentos ficam isolados. A preocupação da cúpula com seu dinheiro já levou à morte do tesoureiro David Surur, o DVD, suspeito de desviar dinheiro, e à exclusão de dois outros responsáveis pelo setor - presos, tiveram de ser separados dos demais detentos. A prática de excluir membros e puni-los por meio de tribunais do crime é atestada pelos papéis apreendidos. Entre eles está a votação unânime de 22 criminosos pela expulsão do bandido conhecido como Maconha, ocorrida em novembro por "falta de visão". Só no dia 4 de novembro de 2008, sete bandidos foram excluídos da facção e dois "retornaram sem punição do afastamento indeterminado". BANCOS Além das notas fiscais, havia ainda com os presos uma lista de contas bancárias. Os peritos do Instituto de Criminalística relacionaram 20 em seis bancos - Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Santander, Nossa Caixa e Caixa -, suspeitas de serem usadas pela facção para movimentar o dinheiro usado nos pagamentos de despesas da estrutura de funcionários mantida pela facção. Só os comprovantes de depósitos bancários apreendidos com Bombom e Dafesta preencheram 46 páginas do processo, cada uma com três depósitos. Há anotações sobre empréstimos, pagamentos de advogados. compras de telefones celulares para presos e computadores e até de óculos. Mas uma página do livro-caixa do PCC deixou os investigadores intrigados. Era uma conta bancária específica, com uma lista de 12 depósitos em setembro originários de várias presídios no valor de R$ 18.030. A conta era identificada só por uma letra: "M". Por fim, a facção mantinha ainda uma lista com os carros e as armas divididas por região do Estado. Os irmãos Josias e Tito seriam, por exemplo, os responsáveis pelos fuzis AR-15, pelo M-16, pela submetralhadora Beretta calibre 9 mm e pela munição do arsenal da facção na zona norte da capital.

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