Para <i>The Economist</i>, resultado da eleição foi ´derrota´ para Lula

Revista britânica afirma que Lula caminhava para uma reeleição garantida até que "irritou os brasileiros"

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Por Agencia Estado
Atualização:

A revista The Economist desta semana afirma que o resultado da eleição brasileira no domingo foi uma "derrota" para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A publicação britânica observou que até o final da semana passada, Lula parecia estar caminhando para uma reeleição garantida. "Então ele irritou os brasileiros", disse a revista. Ela cita o escândalo em torno do dossiê contra José Serra que teria sido comprado por integrantes do PT. "Ao invés de se desculpar ou explicar, Lula não compareceu ao debate televisivo final com seus rivais". Além disso, relata a Economist, um dia antes da eleição, pilhas do dinheiro que teria sido usado para comprar o dossiê contra Serra apareceram na imprensa. "Os eleitores reagiram contra isso. O primeiro lugar obtido por Lula, com 48,6% dos votos é realmente uma derrota", disse. "Ele agora terá que enfrentar um inesperado segundo turno contra Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, que ficou apenas sete pontos atrás e muito à frente no que diz respeito ao moral e momento de campanha", notifica a revista. Ainda favorito A Economist afirma que embora o presidente Lula ainda seja o favorito para vencer o segundo turno, Alckmin, "que até alguns meses atrás era pouco conhecido fora de São Paulo e considerado muito apagado para causar uma impressão, tem agora uma chance real" de vencer a eleição. A revista afirma que Lula conquistou o apoio da população mais pobre através da redução da inflação e da expansão dos programas sociais. Isso fez com que ele obtivesse uma forte votação nos estados do Nordeste. "Mas Lula não agradou a todos", disse. "Taxas de juros altas e um real forte frearam o crescimento, especialmente no mais próspero Sul e no agrícola Centro-Oeste. As fortunas dos eleitores de classe média, que são os mais propensos a punir corrupção política, estagnaram." A Economist afirma que o segundo turno provavelmente será um "confronto de estilo e acusações ao invés de idéias". Alckmin, segundo a revista, é próximo do setor empresarial e exalta a importância da eficiência nos gastos públicos. "Ele corretamente identifica o tamanho excessivo do setor público do Brasil como a fonte do baixo crescimento da economia e tem mais disposição do que Lula para promover investimentos privados em infra-estrutura, parcialmente através do resgate do papel das agências regulatórias, o que Lula prejudicou", disse. Segundo a revista, Lula tende a exaltar mais o que o Estado já fez. "Os mercados financeiros saudaram a forte performance de Alckmin na eleição elevando os preços dos ativos brasileiros no dia 2 de outubro." Mas, segundo a revista, "Alckmin enfrenta dificuldades em assegurar os eleitores que ele não irá retroceder os programas sociais de Lula, enquanto Lula está se reinventando como um apóstolo do zelo público". Além disso, os dois candidatos não estão sendo claros como vão cortar os gastos públicos. Além disso, ambos terão dificuldades para gerenciar o novo Congresso Nacional". O periódico afirma que "para Alckmin derrotar Lula, ele terá que atrair a maioria dos eleitores que apoiaram outros candidatos", especialmente Heloísa Helena, do PSOL. Além disso, o candidato tucano conta com o apoio de aliados regionais que tiveram uma performance melhor do que a dele na eleição. Lula planeja uma estratégia similar. "E no próximo debate, Alckmin não estará diante de uma cadeira vazia", concluiu a revista.

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