Para jurista, maior problema da polícia ainda é o homicídio

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Por Agencia Estado
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O jurista Luiz Flávio Gomes, da comissão de reforma da legislação penal brasileira, define assim a política de segurança do governo paulista: "Estão enxugando gelo com toalha quente". O jurista aponta o alto número de homicídios como o "verdadeiro desastre do governo Mário Covas no quesito segurança pública". A média de assassinatos no País é de 27 para cada 100 mil habitantes. Segundo Gomes, apenas no Estado de São Paulo esse mesmo índice dobra: são 55 mortos para cada 100 mil pessoas. "E não justifica dizer que os números estão estáveis, o que importa é que eles estão altos." Para ele, os seqüestros, atualmente em alta, não devem tomar o lugar dos assassinatos como o crime mais preocupante. "O seqüestro é uma migração dos bandidos para outra modalidade. Preocupa, mas o maior problema continua sendo o homicídio." O jurista reconhece que houve investimento no combate à criminalidade. "Foram comprados muitos carros, acredito que nunca houve um investimento tão grande no setor". Mas, para ele isso não resolve. "A criminalidade tem origem social. Enquanto não resolver a causa, o efeito não acaba", disse Gomes. "Tenho uma teoria de que para cada três carros de polícia, o governo teria de construir três escolas com 500 vagas." Gomes ressalta que a polícia paulista tem prendido um número crescente de pessoas. São cerca de 5 mil por mês em todo o Estado. "Se aumentarem o efetivo policial, quantos serão presos? Dez, 15 mil? A esse quadro você soma cerca de 1 milhão de crianças que estão prontas para virarem criminosos".

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