PUBLICIDADE

Pára-quedistas são discriminados após denúncia

Por Agencia Estado
Atualização:

A informação de que ex-integrantes da Brigada Pára-Quedista do Exército treinam traficantes ligados ao Comando Vermelho (CV), dificultou a vida dos militares desligados das Forças Armadas que não se envolveram com criminosos. "Agora, além de reclamar da falta de experiência e da idade avançada, eles (empregadores) estão desconfiando que a gente também é bandido", contou o presidente da Associação de Ex-Cabos e Soldados do Exército, Alexandre Nogueira. "Está cada vez mais difícil." Na noite de sexta-feira, cerca de 40 ex-militares se reuniram numa praça de Marechal Hermes, na zona oeste do Rio, para discutir os rumos do movimento, diante das informações do aliciamento de pára-quedistas dispensados pelo tráfico. "Está todo mundo desesperado, mas a maioria está lutando para sobreviver. Não virou criminoso", diz o ex-soldado Marco Aurélio Sarmento, de 25 anos. Pai de quatro filhos, duas meninas de 9 e 3 anos e os gêmeos de 1 ano. Sarmento foi despejado de casa por atraso no aluguel e passou a morar com os pais, também desempregados. "Quando saí de casa hoje, o gás tinha acabado e cortaram a luz. Tive de dar um jeitinho", diz, referindo-se ao popular "gato". Com a dispensa do marido, o ex-soldado Maike Jones Rodrigues, a dona de casa Luciene Baltazer dos Santos, de 28 anos, precisou deixar os dois filhos, de 4 e 2, na creche comunitária em tempo integral. "Lá, eles tomam café, almoçam e jantam. Só preciso me preocupar com o leite da noite", diz Luciene, que tem feito refeições na casa de vizinhos. "Não temos dinheiro para nada." Ela está preocupada com a cooptação de ex-militares. "Não sei o que o desespero pode fazer com um homem. Mas confio no caráter do meu marido", disse. Esta semana, os ex-militares pedirão uma audiência à nova governadora Benedita da Silva (PT). Eles querem que pelo menos parte do efetivo de 700 homens dispensados pelo Exército no Estado sejam incorporados à Polícia Militar. "Já nos encontramos com o Luiz Eduardo Soares (coordenador de transição do governo) e ele disse que poderia receber uma proposta para nossa incorporação", afirmou Nogueira

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.