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Para sindicato, há falhas na manutenção do sistema

Por Eduardo Reina e Vitor Hugo Brandalise
Atualização:

O apagão provocado pela queda do disjuntor na Subestação Bandeirantes da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep) é decorrente da falta de manutenção em toda a rede, denuncia o Sindicato dos Eletricitários de São Paulo. "Desde que foi privatizada, em 2006, diminuiu muito o número técnicos de manutenção na Cteep. Isso fica claro agora, com os últimos problemas", disse o vice-presidente da entidade Carlos Alberto dos Reis. "Um disjuntor explode em um horário que nem é de pico. Quem é o responsável por vistoriar equipamentos?", questiona. A manutenção, segundo nota da assessoria da companhia, é feita por equipes que trabalham 24 horas na Subestação Bandeirantes. "A empresa tem avançados sistemas tecnológicos de automatização, que garantem confiabilidade e segurança à subestação." O disjuntor de alta tensão desligado ontem "passou há uma semana por uma vistoria e não apresentou irregularidades". Especialista na área de energia elétrica, o engenheiro Ericson de Paula, da consultoria DCT Energia, disse que a estrutura da Cteep é antiga e robusta, e que o "crescimento da carga tem subido numa taxa de 5% ao mês". "É uma expansão requerida, acima das médias históricas. Pode ser que já se tenha atingido o nível de carga, que faz uma variação do sistema e provoque uma falha como a de hoje, que foi pontual." Para Nivalde de Castro, coordenador do grupo de estudos do Setor de Energia Elétrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), há algum problema no sistema de transmissão, mas o incidente não caracteriza apagão. "Nesse horário não há pico de consumo. Foi problema mecânico de equipamento, e não de demanda." A Cteep, antes de ser privatizada em 2006, tinha mais de 2 mil funcionários. Hoje são 1,3 mil. Comprada pela colombiana Interconexión Eléctrica (ISA), a companhia registrou em 2007 alta de 630% no lucro líquido, que atingiu R$ 855,4 milhões, em relação ao período anterior. A expansão e a modernização dos sistemas recebem cerca de R$ 400 milhões anuais para o aprimoramento e confiabilidade no fornecimento de energia, diz a companhia. Para o presidente do Instituto de Engenharia, Edemar Amorim, não se pode descartar problemas de manutenção. "A vistoria em disjuntores deve ocorrer ao menos mensalmente e devem ser elaborados relatórios técnicos a cada inspeção. São equipamentos delicados."

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