Paraisópolis será 1ª favela a ter plano viário

Idéia é desafogar congestionamentos cada vez maiores na Avenida Giovanni Gronchi, que fica ao lado

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Por Sérgio Duran
Atualização:

A Favela Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, inaugura neste mês um sistema viário próprio, elaborado especialmente pelos técnicos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), em parceria com a Secretaria Municipal da Habitação, que promove atualmente a urbanização da ocupação irregular, a segunda maior da capital. Quem vê de fora o emaranhado de barracos e casas sem reboco não consegue enxergar as ruas. Mas a favela nasceu de um loteamento de 1921, que formava um xadrez de quadras com ruas retas e do tamanho padrão - dez metros de diâmetro. Com o tempo, as casas foram invadindo as calçadas e estreitando o diâmetro das vias para, em média, seis metros. Segundo a coordenadora da urbanização de Paraisópolis, arquiteta Maria Teresa Diniz, o sistema tem 10,5 quilômetros lineares de ruas, considerando outras duas favelas vizinhas - a Jardim Colombo e a Porto Seguro. "Abrimos novas ruas nas regiões do Antonico, do Córrego Grotão e do Córrego Grotinho, totalizando aproximadamente mais quatro quilômetros lineares", explica a arquiteta. O novo sistema é binário - ruas com sentido único, uma paralela à outra - e será provisório. "Foi construído com a participação da população. Daqui a um tempo, vamos ouvi-los novamente para saber se está funcionando", diz Maria Teresa. A idéia do sistema viário surgiu do sofrimento da equipe da Prefeitura, que, a exemplo da população vizinha, não imaginava que Paraisópolis tinha tráfego intenso de veículos. Sete linhas de microônibus fazem ponto final na favela. Atualmente, todas as ruas são de mão dupla. Quando um veículo pouco maior que um microônibus precisa fazer uma manobra dentro de uma das ruas, o trânsito pára em toda a ocupação. A coordenadora do Programa de Urbanização da Favela conta que o próprio presidente da CET, Roberto Scaringella, visitou Paraisópolis para propor o sistema binário na ocupação. O trânsito intenso de veículos dentro da ocupação influi negativamente na Avenida Giovanni Gronchi, que passa ao lado. O sistema viário só será completado quando a Prefeitura conseguir concluir a segunda fase da urbanização de Paraisópolis, quando outras ruas originais do loteamento forem pavimentadas e abertas à circulação. "Até lá, será possível analisar direito se o sistema atual está funcionando ou não." No projeto da urbanização, foi prevista uma avenida que corta uma pequena parte da favela e, no futuro, servirá de opção à Giovanni Gronchi. A via expressa foi prevista no Plano Diretor Regional do Morumbi, mas até hoje não foi definida. O primeiro traçado da avenida fazia com que a favela fosse cortada ao meio.

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