Paralisação do metrô prejudica trabalhadores de São Paulo

Alguns trabalhadores desistiram de ir para o trabalho em função da greve dos metroviários

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Por Agencia Estado
Atualização:

Todas as estações do Metrô de São Paulo não operam desde o início da manhã desta terça-feira, 15, em razão da paralisação dos funcionários da empresa. Cerca de 2,5 milhões de pessoas foram prejudicadas em razão da greve e a cidade de São Paulo teve uma manhã de caos, com índice de congestionamento recorde. A greve é em protesto contra o processo de Parceria Público Privada (PPP) que vai operar a linha 4, em concessão por 30 anos. Os mais prejudicados pela greve foram os trabalhadores que dependem do transporte público. Muitos desistiram de ir para o trabalho. Nos principais corredores de ônibus próximos às estações, a greve provocou uma queda vertiginosa nas vendas do comércio alimentício de rua. Na zona sul, o congestionamento no sentido centro ia de antes do terminal Jabaquara até o início da Rua Domingos de Moraes, perto da Avenida Paulista. Curiosamente, a maioria dos ônibus estava vazia e os lotações e vans cheios com passageiros, alguns sentados quase no colo do motorista. A reclamação geral dos usuários era de que os metroviários prejudicaram a cidade inteira por uma questão política. Todas as estações da zona sul estavam trancadas. Trajetos de levariam 40 minutos para serem cumpridos chegavam a duas horas. Edvaldo de Sousa Oliveira, 34 anos, foi pego de surpresa pela porta fechada do Metrô Jabaquara. Ele mora ali nas redondezas, mas iria para Itaquera: trabalha no Santa Marcelina. Oliveira chegou na porta da estação terminal da zona sul às 5 horas. Vinha uniformizado, pronto para, uma hora depois, iniciar seu serviço como operador de caixa do estacionamento do hospital, onde está empregado há três anos. Ele chegou a descer as escadarias até a entrada para ler o cartaz que anunciava a greve. Um segurança do Metrô se aproximou e ainda tentou consolá-lo: "É só por 24 horas". Mas Oliveira riu do vigia: "Vinte e quatro horas já são suficientes para estourar com a vida da gente." O operador de caixa deu as costas ao segurança em seguida. Nem ônibus ele pegaria. "Não adianta, nem sei como chegarei lá de ônibus. E, se eu chegar, já vai ser muito tarde." Oliveira voltou para casa. Naquele horário, pela porta da estação, passava um bando de desavisados. Uma senhora, bastante apressada, olhou a porta fechada e pensou que aquilo fosse apenas um atraso na abertura daquela entrada. "Que droga! Está fechado de novo! Vou dar a volta!", resmungou com uma amiga, apertando o passo. O anúncio da greve, nos telejornais da noite anterior, ajudou poucos. Raimundo Bezerra da Silva, de 36 anos, por exemplo já imaginava que estivesse tudo parado. Mesmo assim, foi caminhando até o terminal para ver se não tinha trem mesmo. Passou por três vendedores de travesseiros, desolados pela falta de transporte na porta do Jabaquara, e percebeu que teria de pegar ônibus mesmo. "Trabalho no Tatuapé e preciso correr", falou ele, antes de juntar-se a um bando de trabalhadores que, às 5h15, antes de o sol nascer, já lotavam os pontos de ônibus. Tereza Araújo dos Santos, 43 anos, também já sabia da paralisação. Desceu de uma condução, que a trazia de Americanópolis e só deu uma olhadela para a porta do Metrô. Apertou logo o passo e juntou-se a Bezerra da Silva no ponto de ônibus.

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