PUBLICIDADE

Parecer será anexado a ações

Famílias das vítimas querem juntar relatório da Cenipa aos processos que correm na Justiça

Por Eugênia Lopes , Tania Monteiro e Vitor Hugo Brandalise
Atualização:

As famílias das vítimas do acidente com o avião da Gol, que matou 154 pessoas há dois anos e dois meses, pretendem anexar o relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) aos processos movidos atualmente pelo Ministério Público Federal (MPF). Cerca de 80 parentes das vítimas assistiram ontem, emocionados, a uma animação que detalha como ocorreu o acidente e pediram a responsabilização criminal de pilotos e controladores. Em 261 páginas, o relatório afirma que o acidente não ocorreu por nenhuma falha de equipamentos. "Agora temos um documento oficial que pode ser colocado junto ao processo criminal. Se precisar, vamos entrar com recurso para anexar o relatório ao processo", afirmou ontem Angelita De Marchi, presidente da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907. "Não nos cabe culpar ou inocentar ninguém. O objetivo da investigação é sugerir recomendações de segurança", rebateu o chefe do Cenipa, brigadeiro Jorge Kersul. "O que nos diferencia da investigação policial, que aponta culpados, é que a nossa investigação é para evitar acidentes", completou. Kersul alertou que o eventual uso do relatório nos processos poderá prejudicar futuras investigações de acidentes aéreos. Os envolvidos ficarão temerosos de fornecer qualquer informação para o Cenipa. "Esse relatório não recorre a quaisquer procedimentos de prova para apuração de responsabilidade civil ou criminal", repetiu o brigadeiro. "A coisa mais importante são as recomendações. Por isso a gente insiste que o relatório não seja utilizado para outros fins", disse. APÓLICE A juíza Lúcia Caninéo Campanhã, da 6ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo, determinou anteontem que a Gol exiba, em até cinco dias, a apólice de seguros do Boeing. No entendimento da juíza, caso a companhia aérea se recuse a apresentar o documento, pagará uma multa diária de R$ 500. A Gol limitou-se a informar que não comenta decisões judiciais. A ação foi proposta por advogados dos parentes de 14 vítimas, que não entraram em acordo com a companhia e lutam na Justiça para receber suas indenizações. "Elas não podem tomar por base danos morais, mas sim a cobertura de seguros que todas as empresas recebem obrigatoriamente", disse a advogada Renata Sanches. Segundo ela, a indenização oferecida pela Gol é de cerca de R$ 140 mil, enquanto as famílias reivindicam R$ 400 mil.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.