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Parentes aguardam liberação de manifestantes detidos no Rio

Na noite dessa sexta-feira, 11 pessoas foram liberadas após serem detidas em ato na terça-feira

Por Idiana Tomazelli e Atualizado às 15h15 - Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - Parentes e amigos de manifestantes detidos na terça-feira após confrontos com a Polícia Militar e atos de depredação passaram a manhã deste sábado, 19, diante do Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste do Rio, aguardando a libertação dos presos, determinada pela Justiça a pedido do Ministério Público por falta de provas. Muitos se recusaram a dar entrevistas, afirmando temer ser mal interpretados - os jovens alegam inocência e dizem terem sido presos por motivação política.

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Na noite de sexta-feira, foram libertadas 19 detidos nas mesmas circunstâncias. A libertação das oito primeiras pessoas foi marcada por agressões de familiares e amigos dos detidos contra fotógrafos profissionais que tentavam registrar a libertação.

Às 12h25, foi libertada a produtora de cinema Elisa de Quadros Pinto Sanzi, conhecida como Sininho. Ela não quis dar entrevista. Outros 30 alvarás de soltura devem ser cumpridos ainda hoje.

Jivago Novaes, de 36 anos, que estava preso com outras 60 pessoas e foi solto anteontem- ele voltou para esperar a saída dos demais - afirmou ontem ter sido acusado de provocar incêndio e depredar o patrimônio, entre outros crimes. Negou tudo. “Eu estava só sentado na escadaria da Câmara dos Vereadores”, justificou. Muitos foram detidos da mesma forma: foram cercados na escada por PMs e, em seguida, capturados. A Câmara fica na Cinelândia, epicentro dos conflitos e depredações de terça, depois de uma passeata de professores em greve. Os docentes não participaram da confusão. Nenhum foi preso.

“Não vou sair da rua. Estou fazendo isso pelo futuro do meu filho”, disse Jivago, <IP9,0,0>que voltou para casa para trocar de roupa e retornou sem ter dormido.

A monitora de direitos humanos Maristela Grynberg, que acompanha os jovens do movimento Ocupa Câmara há dois meses, pediu aos pais presentes que acolham seus filhos. "Nenhum desses meninos fez nada de grave. Eu estava lá”, disse.

Agressões. Na noite de sexta, <IP9,0,0>cerca de 30 parentes e amigos dos libertados</IP> agrediram fotógrafos que tentavam registrar a libertação de oito pessoas no mesmo local. Entre as vítimas estão os repórteres fotográficos Pablo Jacob, do jornal "O Globo", e Carlo Wrede, de "O Dia". Um cinegrafista da TV Brasil e um fotógrafo do site Jornal do Brasil Online também foram alvo dos ativistas, segundo Jacob.

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Marcos de Sordi, fotógrafo do jornal online "Zona de Conflito Mídia Independente" foi acusado por Jacob de ser um dos agressores. Procurado ontem de manhã, de Sordi negou a agressão e afirmou ter havido apenas um bate-boca. A discussão teria ocorrido porque os repórteres fotográficos profissionais não atenderam a pedidos dos parentes para que não fizessem fotos.

A confusão começou por volta das 20h30. Jacob afirmou que, ao tentar registrar a saída dos primeiros libertados, levou um soco no peito e uma "gravata". "Fui arrastado pelo pescoço, e dois caras ficaram me segurando contra uma parede. Também usaram um casaco pra atrapalhar minha visão", narrou. O repórter fotográfico Carlo Wrede, de "O Dia", segundo Jacob, levou um chute nas costas. Ameaçados, os fotógrafos profissionais decidiram sair do local e não acompanharam a saída de outros 11 ativistas que foram liberados mais tarde.

“Mesmo que eles tenham pedido (para não fazer imagens), isso não dá o direito de partir para a agressão” protestou Jacob.

De Sordi reiterou que 30 familiares e amigos dos manifestantes solicitaram aos repórteres que não fizessem nenhuma imagem do grupo. “Os familiares disseram que não autorizariam fazer foto de nenhum dos presos políticos que estavam sendo liberados”, afirmou. Segundo ele, não houve agressão física, mas sim muito bate-boca, “inclusive com palavrões”.

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