Parentes de Norambuena juntam dinheiro para vir ao Brasil

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Por Agencia Estado
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Os quatro irmãos do seqüestrador Maurício Hernández Norambuena - Ivan, Patrício, Cecília e Laura - reuniram-se para tentar conseguir recursos suficientes para que um deles possa vir ao Brasil visitar o irmão e contratar um advogado para defendê-lo. "Não temos muito dinheiro, mas vamos nos reunir para arrecadá-lo", disse Ivan Hernández Norambuena, de 44 anos. Casado e pai de dois filhos, ele contou que sua família ficou sabendo da prisão de Maurício pela imprensa. A confirmação veio nesta segunda-feira. "Nesse dia fez quatro anos que nossa mãe morreu", disse Ivan, que organiza o programa de empregos da cidade de ViÏa Del Mar, no Chile. "Foi um susto para a gente." Além de se reunir, a família do terrorista vai pleitear ajuda do governo chileno para comprar passagem aérea e pagar hospedagem em São Paulo. "Vamos nos reunir com os diplomatas e conversar com o governo", adiantou o irmão do seqüestrador, que disse não ver Maurício há mais de cinco anos e ter tentado, sem sucesso, entrar em contato com o irmão por meio do consulado chileno em São Paulo. "Estamos preocupados e sem notícias." Segundo ele, apenas Maurício é ligado à Frente Patriótica Manuel Rodrigues (FPMR), pois o resto dos irmãos é do Partido Pela Democracia (PPD). "Nós todos somos do governo." O chefe operacional da Frente Patriótica, conhecido por Comandante Ramiro e um dos homens mais procurados pela polícia chilena, é descrito por Ivan como o mais "sensível e quieto" dos irmãos na infância e adolescência. "Ele entrou para esses movimentos na década de 80, quando ingressou na juventude comunista do PC chileno e mudou completamente." Desde então, Norambuena raramente visita a família e, quando o faz, tem cuidado ao abraçar os irmãos, com medo de ser preso. "Ele aparece em algumas festas e nos falamos muito pouco." Sobre a extradição, a família não opina. "Isso é uma coisa de que só a Justiça e ele podem falar." Nas ruas de Santiago, o nome do Comandante Ramiro virou lenda. Sua fuga de helicóptero de uma prisão de segurança máxima no Chile é o caso mais comentado nestes dias. "Ele já matou dezenas de pessoas, cometeu atentados, fugiu de um presídio e fez o que quis. Foi preso, mas logo escapará", acredita o taxista Patrício Vila. Acusado de ser um dos autores do assassinato do senador Jaime Guzmán, em 1991, e do seqüestro de Cristián Edwards, filho do dono do jornal El Mercurio, no mesmo ano, o seqüestrador foi condenado no Chile a três prisões perpétuas. Também é processado pela participação no atentado contra o ditador Augusto Pinochet, em 1986, e em assassinatos e atentados que, segundo o governo chileno, tiveram a ajuda das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército Popular (Farc-EP) e do Exército Republicano Irlandês (IRA). "O Comandante Ramiro age nas sombras e não teme ninguém", resume o vendedor Alessandro Lopez. "É o homem mais falado do Chile hoje."

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