Parentes de presos denunciam abuso em Getulina

Os detentos, de acordo com a denúncia, foram espancados pelos PMs, receberam tiros de borracha e mordidas de cães e ainda estão sem atendimento médico

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Por Agencia Estado
Atualização:

Mulheres e mães de presos da Penitenciária de Getulina, na região central do Estado de São Paulo, denunciaram que mais de 100 detentos sofreram ferimentos durante invasão do presídio pela Tropa de Choque da Polícia Militar, na última quarta-feira, 2. Os detentos, de acordo com a denúncia, foram espancados pelos PMs, receberam tiros de borracha e mordidas de cães e ainda estão sem atendimento médico. A denúncia foi feita na manhã desta sexta-feira, 4, na sede da Ação dos Cristãos para a Abolição da Tortura (Acat), em São Paulo. As mulheres entregaram fotos e cartas de presos. As fotos mostram detalhes de ferimentos em pessoas, como hematomas e feridas abertas. O presidente da Acat, Paulo César Sampaio, disse que vai pedir à Defensoria e ao Ministério Público a realização de exames de corpo de delito nos presos. No final da tarde, ele ainda levantava os nomes dos detentos feridos. "Só num dos raios há mais de 20 feridos", dizia. O presídio tem quatro raios, com capacidade para 792 detentos, mas hoje lá convivem 1.227 detentos. "Muitos presos estão com feridas abertas e inflamadas porque não deixaram médico entrar para dar pontos e cuidar deles", contou Maria Luiza da Silva, mulher de um dos detentos. "Há um deles com ferimento no olho causado por um tiro de borracha e outros faltando pedaços do corpo que foram arrancados pelas mordidas dos cães", acrescentou. Segundo ela, os presos lhe contaram que a direção do presídio forneceu remédios, mas não deixou médico entrar porque tinha medo de que o fato vazasse para os superiores. "Eles sabem que houve excesso lá, que abusaram dos presos", afirmou. "Isso porque era uma blitz de rotina, imagina", diz. Em nota, a SAP informou que houve confronto entre PMs e presos "que ofereceram resistência (ato de indisciplina)". O resultado, segundo a nota, foi que 12 presos passaram por atendimento médico na unidade, 4 foram levados para uma unidade médica em Lins e vários tiveram escoriações. Na blitz, de acordo com a SAP, foram apreendidos 34 celulares, 41 carregadores, porções de drogas e pedaços de ferros e serras.

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