''Partidos e ideologia não andam juntos''

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Por Alberto Bombig
Atualização:

Paulo Skaf, Presidente da Fiesp recém-filiado ao PMDB paulistaO empresário Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ingressou na semana passada no PMDB com a missão de ajudar a reconstruir o partido no principal Estado da União. Com a ficha de filiação abonada pelo vice-presidente da República, Michel Temer, ele diz: "O PMDB deve buscar, sim, a Prefeitura de São Paulo e o governo do Estado."O projeto de Skaf é ser novamente candidato ao Palácio dos Bandeirantes em 2014. No ano passado, o empresário, que dá expediente todos os dias na imponente sede da Fiesp na Paulista, avenida que é espécie de medula cervical do capitalismo brasileiro, concorreu pelo "socialista" PSB. Agora no PMDB, símbolo do centrismo político, Skaf afirma que "partidos e ideologia não andam juntos no Brasil".Por que o sr. trocou de partido na semana passada?Em 2009, quando pensei pela primeira vez em me filiar a um partido político, fui convidado pelo vice-presidente da República, Michel Temer, a ingressar no PMDB. Tudo caminhava para isso, mas, por algumas razões, não deu certo, e o PSB me convidou. Acabei sendo candidato a governador no ano passado e fizemos uma campanha boa, porém com algumas dificuldades. Terminada a eleição, o Michel novamente retomou as conversas comigo. Eu deixei muitos amigos no PSB, que entenderam que o PMDB vive um outro momento em São Paulo após a morte do (ex-governador Orestes) Quércia (em dezembro).Na última candidatura de Orestes Quércia a governador, em 2006, ele teve apenas 4% dos votos, mesmo patamar que o sr. obteve. Como evoluir?Os analistas dizem que meu desempenho foi bom porque eu não era conhecido, enquanto outros candidatos tinham 100% de conhecimento por parte do eleitor. Hoje, temos um capital político, um grau de conhecimento maior. Creio que, em uma outra eleição majoritária, eu não saia do zero. Já há um espaço percorrido.O sr. pretende ser candidato já no ano que vem?Eu não impus condições para entrar no PMDB. Entrei para colaborar, para trabalhar. Candidaturas são circunstâncias. Mas, sem dúvida, meu nome está à disposição do partido. Porém, ser candidato não pode ser um projeto pessoal, tem de ser um projeto conjunto.Se o PMDB se coligar ao PT em São Paulo, causará incômodo?Não, porque essa é uma decisão do partido. Eu entrei no PMDB para ajudar a fortalecê-lo em São Paulo. Mas acho que há um espaço para crescimento enorme e nós podemos apresentar opções novas na política brasileira. Não adianta só ficar reclamando dos políticos, tem que entrar e fazer diferente. Eu não tenho absolutamente nada contra o PT, tenho até um relacionamento muito bom.O sr. foi criticado ao ingressar no PSB por ser um grande empresário, líder da classe, em um partido com o termo socialista no nome. E agora, no PMDB?A população hoje não tem essa preocupação tão grande com o aspecto ideológico. As pessoas querem governantes honestos, competentes. As pessoas querem um bom serviço de saúde, escolas para os filhos, se sentir seguras, ter um bom transporte público. Nesse sentido, nós somos todos democratas. As questões ideológicas hoje são confusas mesmo, você encontra de tudo em todos os partidos. Não podemos ser hipócritas e ficarmos com uma discussão ideológica como se ela fosse verdadeira. Partidos e ideologia não andam muito juntos hoje, não. Eu me sinto bem no PMDB.O sr. também foi criticado por utilizar a Fiesp para fazer política. Como responde a isso?O meu trabalho é voluntário. Estou há seis anos e meio à frente das entidades, fizemos revoluções na educação, no esporte, na cultura, na formação profissional. Isso que o governo está falando em fazer agora, o ensino médio articulado com o ensino técnico, nós fizemos há 14 anos. Temos um relacionamento bom e independente com os Poderes, criamos a autoridade produtiva. E, na última eleição da Fiesp, fui reeleito com 98% dos votos. Se aqui estivesse um aproveitador, não teria sido reeleito com esse patamar.

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