
07 de abril de 2011 | 00h00
Os homens e mulheres são militares e policiais federais. Recebem treinamento intenso, físico e psicológico. Aprendem a procurar o que é definido como "o rosto do atentado", um indivíduo tenso, de olhar fixo, eventualmente vestindo agasalho sob o sol quente, usando óculos escuros. Talvez pálido e transpirando muito.
Atiradores de precisão, estão preparados para pular na frente do tiro que poderia atingir o presidente. Sacam suas armas, pistolas e automáticas leves muito depressa. A regra é jamais abotoar o paletó dos ternos escuros. Sem obstáculos entre a mão e o coldre.
Nada disso, entretanto, pode superar a transgressão às normas. A frota presidencial, controlada pelo Grupo de Transporte Executivo (GTE) da Aeronáutica, é mantida sob guarda armada e observação eletrônica em período integral. Todos os serviços de bordo, da limpeza ao abastecimento das cozinhas, são feitos por pessoal verificado pelo Gabinete de Segurança Institucional.
Os tripulantes de cabine, as comissárias solicitadas pela presidente Dilma Rousseff, saem dos quadros da Força Aérea, da mesma forma como os experimentados comandantes.
Deveria ser um processo à prova de surpresas, ajustado e reciclado permanentemente. Ocorre, no entanto, que "mais uma vez a proximidade do Poder levou à confusão de uso partilhado do que é exclusivo do Poder", analisa uma cientista social brasileira agregada ao Real Instituto Elcano de Estudos Estratégicos, em Madri. Para a pesquisadora, que não quer ser identificada, o baixo risco a que estão expostos os governantes da América do Sul e a percepção de que a passageira clandestina poderia ser tolerada quebraram o rígido protocolo da segurança e expuseram a fragilidade do sistema tido, até agora, como o melhor - e mais caro - do continente.
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