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Passageiro é algemado após confusão em aeroporto no Rio

Ao saber que seu vôo, que já estava atrasado, seria cancelado, o cirurgião vascular Roberto Maurício Ferreira recusou-se a sair da aeronave

Por Agencia Estado
Atualização:

O cirurgião vascular Roberto Maurício Ferreira Ribeiro, de 53 anos, foi algemado e detido nesta quinta-feira, 21, pela Policia Federal (PF) no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio, quando tentava embarcar em um vôo da TAM para Aracaju. Acompanhado da mulher, Margarida, e da filha Vitória, de 7 anos, Ribeiro afirmou que foi agredido e jogado no chão por um policial federal no corredor de acesso à aeronave. Inicialmente previsto para partir às 23:55 de quarta-feira, o vôo já estava atrasado quatro horas quando a TAM, segundo ele, anunciou que seria cancelado por problemas operacionais. O cirurgião recusou-se a sair, impedindo que o avião partisse com passageiros de outro vôo que seriam transferidos. "Houve exagero na conduta do policial. Eu podia estar exaltado, mas porque senti os meus direitos contrariados. Não sou bandido. Não desacatei o policial. Não admito uma atitude dessa", declarou o cirurgião. Ribeiro disse que vai à Justiça contra a TAM. "A empresa tinha que se responsabilizar pelos passageiros. Não apareceu nenhum representante. Lanche? Acomodação? Nada." A PF instaurou procedimento para apurar o caso. O cirurgião é acusado do crime de desobediência. No início da tarde, ele foi ao Instituto médico-legal (IML) para fazer exame de corpo de delito. "Nunca sofri uma arbitrariedade dessa. Eles disseram que a algema era para me proteger. Fui algemado na frente da minha filha de sete anos. Depois, fiquei detido em uma sala, com ela e a minha mulher do lado de fora sem saber o que estava acontecendo comigo." Ribeiro foi chamado para embarcar pouco depois do meio-dia, 12 horas após o horário previsto. Pelo menos 39 vôos estavam atrasados, sendo 15 partidas e 24 chegadas, por volta das 16 horas no Aeroporto Tom Jobim. De acordo com a Infraero, houve um problema no sistema de informática da TAM, que usa um software próprio. As filas desta quarta, que ocuparam o saguão inteiro do Terminal 2, seriam reflexo desse problema. A Polícia Federal chegou a impedir a realização do check-in, porque a sala de embarque estava lotada e algumas pessoas passavam mal com o calor. Uma grávida de cinco meses que embarcaria no fim da noite de ontem com o filho de 4 anos passou a madrugada no aeroporto e só às 6 da manha a TAM ofereceu um hotel. Ela recusou. Um vôo da American Airlines para Miami, previsto para as 23 horas de quarta, só decolaria às 15 horas desta quinta. Segundo a Infraero, foi um caso isolado: o avião 767 quebrou e a empresa precisou fazer a reposição de algumas pecas. São Paulo e Brasília Um vôo da TAM, que deveria ter saído de São Paulo às 9h08 com destino a Fortaleza e escala em Brasília, ainda não havia decolado até o início da tarde do Aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital paulista. Os passageiros estavam dentro do avião havia cerca de uma hora e 40 minutos. Segundo relato da jornalista Rosa Costa, que estava no vôo, uma comissária começou a chorar depois de discutir com um dos passageiros. O comandante avisou que quem reclamar, não viaja. Ele informou que o aparelho está parado "por motivo de segurança". O serviço de bordo não estava funcionando, os passageiros estava com fome e sem direito a uma refeição. Em Brasília, um grupo de passageiros invadiu a pista do Aeroporto Internacional Juscelino Kubistshek, no início da tarde, segundo reportagem do Jornal Hoje, da TV Globo. Os manifestantes foram retirados logo em seguida pela Polícia Federal. Pela manhã, foram registrados 15 atrasos em vôos de chegada e partida. Grandes filas se formaram nas salas de embarque e no saguão do aeroporto. Os passageiros reclamam principalmente da falta de informações. Balanço A Agência Nacional de Aviação Civil divulgou novo boletim parcial que mostrou que 34% dos vôos apresentavam atrasos de mais de uma hora até às 10h30. De 649 pousos e decolagens programados, 223 foram afetados por atrasos e 36 foram cancelados. O Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, liderava a lista com 32 atrasos em vôos, sendo decolagens e partidas. Os passageiros enfrentavam fila principalmente no check-in da empresa TAM. O vôo mais problemático era da empresa BRA para Maceió, em Alagoas, que deveria ter decolado às 7h30 desta manhã. Em seguida, estava o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com 23 atrasos. Também foram registrados problemas nos aeroportos de Brasília e de Salvador, que tinham 17 atrasos cada um. No Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, 12 vôos estavam atrasados. Já o aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, tinha 14 atrasos e 4 vôos cancelados pela manhã. Segundo as informações da Anac, os atrasos verificados hoje são decorrência dos problemas apresentados na quarta no setor, por conta das chuvas na região Sudeste. "Outros problemas que colaboraram com os atrasos ocorreram com a TAM Linhas Aéreas, onde seis aeronaves não puderam voar devido a manutenção não programada. A queda do provedor da TAM no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, também atrasou os vôos da companhia aérea", explicou a agência. Colaboraram Rosana de Cassia e Fabiana Marchezi Matéria alterada às 16h40 para atualização de informações

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