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Passageiros vivem filme de terror em seqüestro de ônibus

Por Agencia Estado
Atualização:

Por duas horas e meia, o desempregado André de Carvalho Pereira, de 25 anos, fez os 15 passageiros do ônibus 5757 (Jardim Miriam-Metrô Conceição), em São Paulo, pensarem que assistiam a um filme de terror repetido. Como no seqüestro do ônibus 174, em junho de 2000, no Rio, Pereira mantinha uma pessoa sob a mira de um revólver. No desfecho, após muita negociação, vítima e seqüestrador saíram ilesos. No Rio, a refém Geisa Firmo Gonçalves, de 20 anos, e o seqüestrador Sandro do Nascimento, de 22, morreram, após a intervenção policial. Armado com um revólver calibre 38, Pereira decidiu fazer o ônibus parar por volta das 7 horas. Pulou a catraca na direção do motorista, Elton Pereira de Oliveira, de 28 anos - que havia trocado de horário para levar a mulher ao médico -, apontou a arma e disse para chamarem a polícia. Ninguém entendeu nada. O ônibus parou na altura do número 900 da Avenida Engenheiro George Corbisier, perto da Estação Conceição, zona sul de São Paulo. Ao contrário do que se esperava, Pereira não anunciou um assalto. Disse que tinha dinheiro e não queria matar ninguém. Policiais do 35.º Distrito Policial, que fica a 500 metros do local, chegaram em seguida. O investigador Joel José Cruz Santos entrou no ônibus e ouviu o seqüestrador dizer que aquilo era uma forma de protesto. "Começamos a negociar. Falei de início para ele ir soltando as mulheres", disse o policial. Aos poucos, os reféns foram libertados. Apenas um, o bancário B.E.F, de 34 anos, foi mantido sob a mira de Pereira até o fim das negociações. A área foi cercada. Policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE) e do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) também chegaram para negociar. O tenente André Giovaninni, do Gate, se colocou na escada na porta do ônibus. "Ele estava com a arma engatilhada. Em alguns momentos apontava para a nuca, em outros para as costas do refém", disse Giovaninni. Depois de conquistar a confiança do seqüestrador, os policiais o convenceram a se entregar. Ele soltou o refém, descarregou e entregou a arma. Aparentando embriaguez, chegou a dizer que era um peso para a família. Segundo policiais, ele passou a noite bebendo em Santana, na zona norte. De manhã, pegou o metrô na Parada Inglesa e seguiu para o Jabaquara. Mesmo depois do interrogatório e da chegada do advogado Dimas Gaspar, contratado pela família para defender o seqüestrador, ninguém conseguiu entender o motivo da ação. Em 1997, Pereira ficou quatro meses preso no Cadeião de Pinheiros, por receptação de carro roubado, mas não chegou a ser julgado. No 35º DP, ele foi autuado por seqüestro, porte ilegal de arma, cárcere privado e constrangimento ilegal.

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