Passagem de ônibus em São Paulo vai para R$ 1,70

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Por Agencia Estado
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A Prefeitura deve anunciar entre esta quinta-feira e sexta o novo valor da tarifa de ônibus, fixado em R$ 1,70. O novo valor, abaixo do R$ 1,91 pedido pelos empresários, vai vigorar a partir de 15 de janeiro e representa aumento de 21,5% sobre o valor atual da passagem: R$ 1,40. O porcentual é bem superior aos 12,55% de inflação acumulada em 2002, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). A tarifa é ligeiramente inferior à de três cidades do ABCD, Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema, onde a passagem foi reajustada recentemente para R$ 1,75. A São Paulo Transporte (SPTrans) estuda há alguns meses o reajuste da tarifa, que aumentou pela última vez há 19 meses. Logo que assumiu o cargo no lugar de Carlos Zarattini, no mês passado - em meio à oitava greve de ônibus do ano -, o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, recebeu dos empresários ligados ao sindicato patronal (Transurb) a reivindicação de R$ 1,91 para a nova tarifa. Tatto considerou o valor "exagerado". A prefeita Marta Suplicy (PT), por sua vez, qualificou de "delírio" a pretensão dos empresários, apesar de dias antes ter reconhecido que os donos de empresas de ônibus tinham "certa razão" no pleito. "Temos consciência de que aumentou o valor do óleo diesel, houve dois dissídios no período e vários outros insumos sofreram majoração", afirmou Marta. Ainda nesta quarta-feira, o secretário de Comunicação Social, José Américo Dias, repetia o discurso da prefeita. "Há uma negociação em curso entre a SPTrans e o sindicato patronal para discutir os porcentuais de aumento", limitou-se a dizer. O Sindicato dos Motoristas e Cobradores preferiu não se pronunciar sobre o aumento. O diretor jurídico, Geraldo Diniz, disse que só poderia discutir o assunto depois de uma reunião da diretoria com o presidente da entidade, Edivaldo Santiago, que não foi localizado. O Transurb não quis falar sobre o novo valor por ele não ter sido divulgado oficialmente. O diretor jurídico da entidade, Antonio Sampaio, disse que até o valor de R$ 1,91 está superado pelos aumentos dos insumos. "Estamos muito preocupados. Para nós, ações para aumentar a velocidade dos ônibus como corredores e vias segregadas, até mais importantes que o aumento de tarifa, não estão sendo levadas em conta pela Prefeitura." De acordo com Sampaio, no período em que não houve aumento, o custo do diesel subiu 80%. "Queremos um debate público com as autoridades sobre a questão da tarifa e as planilhas. Há quatro anos se fala sobre corredores, mas nada foi feito até agora." Os corredores, segundo ele, permitiriam aumentar a velocidade e, conseqüentemente, levar mais passageiros ao sistema. Nos pontos de ônibus e terminais, a reação dos passageiros foi unânime. "É horrível (o aumento). Já está tão caro", disse a fisioterapeuta Rose Cristiane Cruz. Como atende pacientes em domicílio e não tem carro, ela gasta cerca de R$ 20,00 por dia, entre ônibus e metrô, para trabalhar. "Para mim vai ser difícil, imagine para o trabalhador comum." O ajudante-geral Cláudio Roberto tem a resposta. "Vai ficar pesado", disse ele, na fila que já durava meia hora para um ônibus no Terminal Barra Funda. Para a estudante Bárbara Magalhães, o segundo aumento da gestão Marta "não está certo". "Melhorou um pouco, com os ônibus novos, mas vai pesar no bolso."

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