Passeata no Rio homenageia Tim Lopes

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Por Agencia Estado
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Cerca de 400 pessoas, segundo a Polícia Militar, participaram hoje de uma passeata em homenagem ao jornalista Tim Lopes, assassinado há duas semanas. Sob a marcação fúnebre do surdo do bloco carnavalesco Simpatia é Quase Amor, os manifestantes, a maioria vestida de preto, percorreram a orla de Leblon e Ipanema, na Zona Sul. A passeata terminou no Arpoador, embaixo de um sol de 30°C, com orações, aplausos e balões para Tim. O evento foi organizado pelo grupo de corredores de rua Expresso das Seis, do qual Tim Lopes fazia parte. O jornalista foi um dos fundadores do grupo, que há 20 anos pratica caminhadas e cooper na orla carioca. "Apesar de ser gordinho, o Tim era um bom corredor, participava até de maratona", lembrou Luis Matias, um dos membros do grupo. Os amigos corredores do jornalista pediram a ocupação das favelas cariocas pela polícia. "Pegar o Elias Maluco (o traficante Elias Pereira da Silva, apontado como o assassino de Tim) não adianta nada porque depois vem outro e ocupa seu lugar. Tem é de ocupar o território perdido pelo poder público até reduzir o problema", disse outro membro do Expresso das Seis, Marcos Moraes. O grupo pretende fazer manifestações todo domingo. "Já caminhamos todo domingo mesmo. Vamos então nos unir para transformar a caminhada de rotina em uma forma de protesto", propôs Moraes. Polícia - A manifestação teve a participação de membros do Simpatia é Quase Amor, que Tim ajudou a fundar há 17 anos, do Movimento Viva Rio, associações de defesa de vítimas da violência e até da polícia. "Estou aqui mais como cidadão do que como policial. É preciso que a polícia e a sociedade dêem as mãos para acabar com a violência, acabar com a demanda por drogas que financia os traficantes", disse o coronel Ubiratan Alves, que acaba de assumir a 23ª Delegacia de Polícia, no Leblon, e caminhava entre os manifestantes. Muitos dos manifestantes estavam emocionados. "Ele era um pai na redação, sempre disposto a ajudar todos", lembrou a jornalista Nina Schermann, que trabalhou com Tim Lopes no Jornal do Brasil e chorou muito durante todo o trajeto. "Nós perdemos a guerra. Temos de dar uma parada e repensar tudo. O sistema parou no tempo enquanto os bandidos se aperfeiçoaram", analisou o deputado estadual Carlos Minc (PT), um dos poucos políticos presentes.

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