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Pastoral da Criança faz festa para beatificação de Zilda Arns

Fundadora da organização, a médica morreu há cinco anos, aos 75, no terremoto que devastou o Haiti

Por José Maria Mayrink
Atualização:

A Pastoral da Criança fará realiza hoje, dia 10, uma celebração com a participação de mais de 40 mil pessoas no estádio Arena da Baixada, em Curitiba, para lembrar o quinto aniversário da morte de sua fundadora, Zilda Arns Neumann, cuja beatificação será pedida ao Vaticano com uma moção de apoio assinada por mais de 150 mil amigos e admiradores. 

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Irmã do cardeal d. Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, ela foi vítima do terremoto de 2010 em Porto Príncipe, no Haiti. Viúva, tinha 75 anos, era médica pediatra e deixou família numerosa, de cinco filhos (fora mais dois já falecidos) e dez netos.

“Independentemente da moção, cujo texto ainda não conheço, pretendo pedir à Congregação para as Causas dos Santos permissão para iniciar o processo de beatificação da Doutora Zilda”, adiantou ao Estado d. José Antônio Peruzzo, nomeado arcebispo de Curitiba na quarta-feira. Até agora bispo de Palmas/Francisco Beltrão, no Paraná, ele tomará posse em seu novo posto no dia 19 de março. “A obra de Doutora Zilda é um legado para a Igreja de todo o mundo”, observou. 

A celebração está marcada para começar às 19h e terá várias apresentações sobre a Pastoral da Criança e a Pastoral da Pessoa Idosa, também criada por Zilda Arns. Os cardeais d. Raymundo Damasceno Assis, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e d. Geraldo Majella Agnaldo, arcebispo emérito de Salvador e cofundador da Pastoral da Criança, acompanharão a cerimônia. Também o presidente da pastoral, d. Aldo Di Cillo Pagotto, arcebispo da Paraíba, estará presente. 

“Minha mãe Zilda morreu no dia 12 de janeiro, mas antecipamos a celebração porque, sendo no sábado, será mais fácil para as pessoas viajarem a Curitiba”, disse o médico Nelson Arns Neumann, um dos filhos de Zilda Arns, coordenador nacional adjunto da Pastoral da Criança. Os ingressos para o estádio são gratuitos e haverá ônibus de graça para quem quiser visitar o Museu da Vida e o cemitério onde está sepultada. Cerca de quatro mil pessoas, das 15 mil que confirmaram presença, ficarão hospedadas em casas de família.

O coordenador da Pastoral da Criança no Haiti, padre Eugur Honoré, relatará durante a celebração como Zilda Arns morreu nos escombros de um edifício no terremoto. O padre, que ainda era seminarista, estava ao lado dele na hora da catástrofe. A brasileira tinha viajado a Porto Príncipe para organizar a instalação da Pastoral da Criança no País. 

A moção de apoio à abertura da causa de beatificação foi sugestão de d. Aldo Pagotto, feita no ano passado, que logo ganhou a solidariedade de dezenas de bispos. Num depoimento para um documentário sobre sua irmã, d. Paulo Evaristo Arns, de 93 anos, afirmou em poucas palavras que a santidade deve ser aspiração de todos os cristãos e que a Doutora Zilda procurou ser santa à sua maneira. Quando ela morreu, d. Paulo comentou que a Doutora Zilda terminou a vida como queria, “servindo os mais pobres dos pobres da América Latina”.

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 “O documento de apoio servirá para mostrar que a Doutora Zilda tem fama de santidade entre o povo brasileiro, condição essencial para a abertura da causa da beatificação e canonização”, afirmou d. Rafael Biernaski, bispo auxiliar e administrador apostólico de Curitiba, a quem caberá receber o texto da moção e repassá-lo ao novo arcebispo, d. José Antônio Peruzzo. 

Cinco anos é o prazo mínimo, a contar do dia da morte, para instalação do processo de beatificação, que começará com o estudo da biografia do candidato a santo, testemunhas de pessoas que o conheceram, análise de seus escritos e, finalmente, exame de supostos milagres a ele atribuídos. Depois de uma fase diocesano, o caso é mandado para aprovação da Congregação para as Causas dos Santos, em Roma. 

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