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Pastoral investiga excessos em motim no Carandiru

Por Agencia Estado
Atualização:

Agentes da Pastoral Carcerária e outros representantes dos direitos humanos visitaram nesta sexta-feira a Penitenciária do Estado, no Carandiru, em São Paulo. Encontraram o Pavilhão 3 destruído e receberam denúncias dos presos sobre a ação da Tropa de Choque durante a rebelião em massa promovida pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) no domingo da semana passada. "A ordem que eles recebiam pelo rádio era de esculachar, mas não arregaçar", contou um deles. Segundo os presidiários, tanto detentos quanto funcionários - especialmente do Pavilhão 2 - apanharam no dia 18 mesmo depois que a rebelião estava controlada. Alguns presos ainda guardam marcas de cassetetes e balas de borracha. Desde então, pelo menos 25 trabalhadores também saíram de licença médica e 2 pediram exoneração. Todas as informações deverão constar de um relatório que será enviado a autoridades e a entidades de direitos humanos nacionais e internacionais. O motim alterou a rotina da penitenciária. Além de deixar as celas sem luz e suspender a visita dos familiares na semana passada, aumentou ainda mais a tensão entre os detentos, já que boa parte da massa carcerária não aprovou a rebelião e a tomada de parentes como reféns. "Não é de admirar que tenha nascido uma organização como o PCC num lugar onde os direitos básicos nunca foram levados a sério e um grupo tenta representar a população carcerária, mesmo que a maioria (dos presos) não queira os métodos violentos", declarou o coordenador da Pastoral Carcerária, Gunter Zgubic. "Estou assustado também com a destruição interna do presídio." Da rebelião até agora, o Estado já gastou R$ 72 mil só para fazer voltar a eletricidade na Penitenciária. Para tentar acalmar a situação, a direção também mudou parte dos faxinas e dos boieiros - detentos encarregados de limpar e distribuir a comida, que acabam também responsáveis pelo tráfego de informações na cadeia. Presos ainda estão ajudando a pintar partes da penitenciária e todos os funcionários que esperavam tirar férias este mês tiveram de suspendê-las. Como um dos pavilhões foi destruído pelos detentos, a direção juntou os presos nos dois pavilhões que restaram. Da semana passada até agora, 434 deles foram transferidos para o Centro de Detenção Provisória (CDP) da Vila Independência, na zona leste.

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