Paulistanos vivem noite de pânico

Com medo, muitos moradores abandonaram suas casas

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O tremor de terra sentido ontem à noite assustou a população de cidades da Grande São Paulo. O comando da Polícia Militar informou, porém, que, até as 22h05, não havia registro de vítimas em decorrência do abalo sísmico ocorrido no litoral do Estado. O Corpo de Bombeiros despachou dois carros para fazer uma vistoria técnica no Hospital Estadual Vila Alpina, na zona leste da capital para averiguar uma rachadura de 1 metro, que surgiu na sala onde funciona a central de leitos. "A enfermeira estava ao telefone com o Cobom (Centro de Operações do Corpo de Bombeiros) tratando de questões administrativas quando percebeu a rachadura", disse a enfermeira supervisora, Célia Sales. Até as 22h30, os bombeiros continuavam a vistoria no prédio de seis andares. A sala ficaria interditada até a avaliação final dos engenheiros da Prefeitura. O atendimento não foi prejudicado. Do outro lado da cidade, na zona oeste, o abalo também preocupou os moradores do Edifício Araguari, de 16 andares, na Pompéia. A dentista Silvia Koike Zangirolami, de 38 anos, assistia ao filme Viagem ao Centro da Terra quando sentiu o tremor. "Eu estava deitada no sofá. De repente, tudo balançou. Achei que era um avião caindo", contou. A vendedora Geórgia Ceródio, de 23 anos, vizinha de Silvia, acordou com o abalo. "Levei um susto. Estava dormindo e a cama começou a tremer. Mas logo que levantei, tudo parou", contou. Na zona sul, Risonaldo Osório Costa, de 38 anos, zelador de um prédio no Jabaquara, estava em frente ao computador, conversado com o sobrinho pelo MSN, quando percebeu a tela balançar. "Pensei: ?que danado que é isso?!". Olhou para o lado e viu que os fios também se mexiam. A TV tremia. "Quando abri a porta de casa, vi um janelão de vidro mexer como se fosse de borracha." O policial militar Marcos Antônio da Silva, de 35, morador de Itaquera, zona leste da capital, pensou que sentia tontura. "Mas, quando olhei para o aquário, vi que balançava mesmo." Foi o tempo de chamar a mulher, pegar as meninas, de 20 dias e de 5 anos, e correr. "Todo mundo começou a descer e a esvaziar os andares." Para evitar novos sustos, levou a família para dormir na casa térrea da irmã, na Penha. A comerciante Olinda Souza, de 52 anos, sentiu o chão tremer e achou que fosse apenas mais um caminhão dos tantos que fazem trepidar as prateleiras da perfumaria onde trabalha na Avenida Afonso Lopes de Baião, na Vila Jacuí, zona leste. "Minha filha ligou desesperada para saber se ela estava bem e então eu entendi que tinha sido um terremoto", ela conta. GRANDE SP Os Bombeiros do ABC Paulista receberam dezenas de chamados. Até 22h15 não havia sido registrado nenhum danos na região. No Rudge Ramos, em São Bernardo, moradores saíram para as ruas. Assustados, queriam saber o que estava acontecendo. "Escutei um barulho na mesa da sala. Parecia que estava sendo arrastada. Depois foram os copos na cristaleira que bateram. Senti tudo tremer", contou Mary Zanin, moradora no segundo andar de um prédio na Rua Alfeu Tavares, próximo à Rodovia Anchieta. O tremor de terra também foi sentido em Osasco. Na Vila Osasco, o gerente de Novos Negócios Laércio de Mendonça, de 32 anos, assustou-se com o abalo quando olhou para a TV de plasma que mexia sem parar: "Achei que alguma coisa tinha batido no prédio. Um copo chegou a quebrar. A primeira reação foi descer para o térreo", contou Mendonça, morador no 6º andar. Segundo ele, alguns moradores deixaram os apartamentos às pressas: "Vi muita gente apavorada. Alguns vizinhos até choraram." A cama do quarto da caixa de loja Natália de Paula, de 25 anos, tremeu em Guarulhos, por volta de 21 horas. Ela estava sentada e já se preparava para deitar, após ter colocado os dois filhos, de 7 anos e outro de 1 ano e 10 meses, para dormir. "Parecia que alguém balançava minha cama. Peguei meus meninos e desci depressa", contou Natália. Ela disse que cerca de 50 moradores, das duas torres de 12 andares do condomínio, amontoavam-se, assustados, no jardim. "Ninguém quer subir. Estou receosa", disse às 21h45. FRASES Célia Regina da Silva Sales Enfermeira supervisora do Hospital Estadual da Vila Alpina "A enfermeira estava ao telefone com o Cobom (Centro de Operações do Corpo de Bombeiros) tratando de questões administrativas quando percebeu a rachadura" Marcos Antônio da Silva Policial militar e morador de Itaquera "Eu pensei que estivesse sentindo uma tontura. Mas, quando olhei para o aquário da sala, vi que balançava. Todo mundo começou a descer e a esvaziar os andares" Natália de Paula caixa de banco e moradora de Guarulhos "Parecia que alguém balançava minha cama. Peguei meus meninos e desci depressa"

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.