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Paulo Li trabalhou na Assembleia na época do secretário

Chinês foi contratado pelo Legislativo em março de 2003, como secretário parlamentar, e saiu em 2007

Por Moacir Assunção
Atualização:

O chinês Li Kwok Kwen, o Paulo Li, investigado e preso pela Polícia Federal sob acusação de contrabando, foi contratado pela Assembleia Legislativa no mesmo período que o então deputado estadual pelo PMDB e hoje secretário executivo do Ministério da Justiça, Romeu Tuma Júnior, esteve no Legislativo paulistaO Estado pesquisou no Diário Oficial do Estado, do dia 19 de março de 2003, em que ele é citado na nomeação como secretário parlamentar I, em comissão, em vaga decorrente da exoneração de Eliana Ruiz Ikosa. Se ele trabalhasse até hoje, seu salário seria entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, fora eventuais gratificações. Tido como um dos líderes da máfia chinesa em São Paulo, Li deixou o cargo somente em 15 de março de 2007, substituído por Alexandre Dias. Sua exoneração também foi publicada no Diário Oficial daquele dia. Seu período à frente da função, que exige diploma de curso superior, coincide exatamente com o mandato de Tuma Júnior na Assembleia paulista, primeiro no PPS e depois no PMDB, pelo qual chegou a ser corregedor da Casa.A publicação não especifica em que gabinete ele estava lotado - os assessores sempre são contratados por ato da Mesa Diretora e posteriormente mandados para os gabinetes dos parlamentares. Li não era conhecido pelos funcionários da época. Kung fu. O chinês, que se apresenta como mestre de kung fu e é dono de uma academia de artes marciais na Liberdade, região central de São Paulo, mantém uma relação antiga com os Tuma. Quando o senador Romeu Tuma (PTB) foi superintendente da PF em São Paulo, ele costumava almoçar com delegados e chegou a dar aulas da arte marcial a policiais federais.O surgimento do nome de Li como personagem do escândalo gerou reação de entidades ligadas ao esporte, que fizeram questão de se desvincular do chinês. A Confederação Brasileira de Kung Fu Wushu e Kuoshu Chinês, por exemplo, apressou-se em dizer que não tem ligação com Li. "Recebemos telefonemas até do exterior querendo saber o que aconteceu e isso prejudicou nossa imagem", lamentou o mestre Josenir Silva.A confusão alcançou a família do mais conhecido mestre em São Paulo, Li Wing Kay. O filho dele, que também se chama Paulo Li, chegou a ser confundido com o homônimo preso. "Tive muitos problemas porque a gente estava fazendo um evento e muita gente não nos levava a sério", disse o filho do mestre. Procurado, o presidente da Assembleia, Barros Munhoz (PSDB), não se pronunciou, assim como o líder do PMDB, deputado Jorge Caruso.

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