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PCC investiu R$ 600 mil em túnel de fuga

Facção queria desmoralizar sistema prisional em Avaré

Foto do author Marcelo Godoy
Por Josmar Jozino e Marcelo Godoy
Atualização:

A engenharia do Primeiro Comando da Capital (PCC) investiu R$ 600 mil para libertar da Penitenciária 1 de Avaré, no interior, seis homens da cúpula da facção. O cálculo é do Serviço de Informação da Secretaria de Administração Penitenciária e da Polícia Militar. A organização comprou equipamentos, ferramentas, uma casa e contratou operários para construir um túnel de 200 m na direção do presídio. Segundo a Polícia Civil, os alvos do resgate eram Marcos Paulo Nunes da Silva, o Baianinho Vietnã, Edilson Borges Nogueira, o Biroska, Roberto Soriano, o Betinho Tiriça, Robson Lima Ferreira, o Marcolinha, Fabiano Alves de Souza, o Biano, e um detento conhecido como Prea. Todos foram transferidos para outras unidades na sexta-feira. A Polícia Civil tem informações de que o túnel foi financiado por Baianinho Vietnã. Segundo promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o detento é um dos homens mais fortes do PCC. Agentes penitenciários disseram que o plano previa não só o resgate, mas uma fuga em massa para desmoralizar o sistema prisional. O plano fracassou por dois motivos. As escavações atingiram 140 metros de extensão, mas terminaram num pequeno lago, já dentro do terreno do presídio, a 10 metros do alambrado. Além disso, as Polícias Militar e Civil de Avaré conseguiram prender, graças ao serviço de inteligência, os responsáveis pela construção do megatúnel. Foram detidos Marcos Aurélio da Silva, Cândida Márcia Santana Bispo, José Heleno Bezerra da Silva e Jefferson Manoel. O menor R. foi detido com o grupo. Um casal já havia sido preso na capital. O túnel começou a ser construído num dos quartos da casa de número 478 da Rua José Constâncio. Um gerador moderno garantia a iluminação. Já um exaustor levava o ar para o buraco por meio de um enorme duto de alumínio. O túnel foi aberto no quarto da casa, com 1 metro de diâmetro. A terra retirada era estocada em três quartos da residência de seis cômodos, comprada por R$ 100 mil, segundo a Polícia Civil. Pelos cálculos da Polícia Militar, no imóvel havia 60 metros cúbicos de terra. O major César Augusto Morelli, do 53º Batalhão, contou que as escavações começaram havia cinco meses. As Polícias Civil e Militar tinham informação das escavações havia três meses, mas não conseguiam localizar a casa. Graças a ligações telefônicas interceptadas pelo Serviço de Inteligência, os policiais chegaram ao endereço, na noite de anteontem. O túnel estava bem adiantado. Policiais apuraram que faltavam 20 metros de escavações para atingir a quadra da unidade prisional. Ontem à noite, policiais acharam no túnel cinco pistolas calibre 380 e vários cartuchos e munição de fuzil 223. O armamento estava na parede de barro molhado, na entrada do buraco. O material foi encaminhado para o Instituto de Criminalística (IC). Segundo o delegado Rubens César Garcia Jorge, a polícia investiga se as armas e a munição fazem parte do lote roubado no Centro de Treinamento Tático (CTT), em Ribeirão Pires, no dia 5. NÚMEROS 200 metros era a extensão prevista do túnel 140 metros foi quanto as escavações avançaram, até atingir um lago R$ 100 mil foi quanto a facção investiu na compra de uma casa onde a terra retirada era estocada 5 metros por dia era o máximo que o túnel avançava

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